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10º MINERAÇÃO &/X COMUNIDADES

A escuta afetiva como forma de criar vínculos de confiança

Por evando
A escuta afetiva como forma de criar vínculos de confiança

O segundo dia do 10º Mineração &/X Comunidades começou com o painel ‘Escuta ativa ou escuta afetiva, como criar vínculos de confiança?’ com a participação Carolina Lopes, Gestora de Marketing da Metso, Emanuela São Pedro, da Diretoria Institucional da Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), Flávia Veronese, Environment and Permits Manager da Aclara e Victor Martins, Coordenador de Projetos da Integratio, com mediação da Head de Comunicação e Engajamento da Brazilian Nickel, Luciana Gutmann. “Escutar não é apenas ouvir, mas saber ter escuta ativa e afetiva e ser algo da cultura organizacional para entender a entrada no território das comunidades para que esse valor seja percebido por todos”.

Fotos: Leo Fontes

Emanuela São Pedro iniciou o debate dizendo que a escuta tem que ser empática e respeitosa e saber diferenciar o momento da escuta do momento de negociação, uma vez que quando nos dispomos a escutar é necessário saber ouvir e entender as necessidades para criar condições para atender os anseios e criar planos e estratégias para uma negociação. “O processo de escuta tem que ser poroso, para entender e respeitar o tempo da outra parte, caso contrário ela não acontecerá de forma genuína. A escuta não deve acontecer apenas nos momentos de conflitos, mas tem que ser cotidiana, para entender onde a comunidade deseja melhorias”. Tem caminhos que ajudam no trabalho de comunicação e a diversidade nas equipes colabora para esse sucesso. É preciso deixar caminhos para que as estratégias sejam feitas de forma participativa e ver o conflito como potência para o relacionamento e vê-lo como oportunidade para o diálogo. Para chegar na corresponsabilidade, a empresa tem que desenvolver um trabalho a longo prazo e chamar a comunidade na construção do projeto, ser mais transparente”.

Na sequência, Victor Martins abordou que a escuta é uma questão estratégica na mineração, pois afeta diretamente a comunicação entre o setor de mineração e comunidades, que muitas vezes não se sentem ouvidas. As empresas precisam entender que o processo de comunicação deve trabalhar a escuta como uma cultura da empresa para manter o diálogo com os representantes das comunidades e o que há de ser feito para que haja uma troca de figurinhas. “Nós chegamos às comunidades muitas vezes com jargões muito técnicos e que não dialogam com os membros da comunidade. Temos que ser os mais claros e saber explicar e ouvir o que a mineradora irá fazer no local e os bens que a atividade irá proporcionar, para que seja construído algo junto e não exista conflitos”. Cultura, diversidade, transparência e indicadores não são mais novidade e precisamos trabalhar diretrizes para que o processo de escuta seja bem aplicado nas comunidades. “As informações têm que ser construídas e repassadas de forma colaborativa, para avançar e ter uma participação mais efetiva das comunidades em processos decisórios”.

Flávia Veronese afirmou que a comunicação a cada ano é um tema mais importante para se fazer cada vez mais. E o setor tem dificuldade nisso. A escuta afetiva é uma camada a mais da comunicação para ser incorporada em todo o processo e isso é uma habilidade que a mineradora precisa ter para recepcionar e escutar as pessoas. “Temos que entender o que as pessoas sentem e que entendam o negócio – da mesma forma que falamos bem com investidores, devemos nos comunicar melhor com as comunidades para chegarmos ao sucesso. A pessoa mais empática vai construir o primeiro pilar da comunicação do relacionamento da empresa com a comunidade. Então, é importante que usemos da escuta afetiva para se comunicar com as pessoas, caso contrário vamos aprofundar a vulnerabilidade dessa comunidade, do local. A escuta afetiva só gera ganhos para a empresa”. A mineradora tem que exercer a transparência e explicar o projeto com os prós e contras e quando não atendemos as expectativas, cria-se um conflito. A diversidade é fundamental para que todos os setores não sejam impactados. “Se não soubermos melhorar a indústria, com uma nova forma de pensar, transparência na comunicação, iremos retroceder cada vez mais”. Flávia explicou que o setor vive uma transição geracional e que as empresas têm que trazer isso internamente, para renovar a mão-de-obra e tornar a mineração atrativa para o público jovem. “Temos um caminho longo a percorrer junto com a questão reputacional”.

Para Carolina Lopes, a ação é a parte mais difícil, pois há um déficit de comunicação entre mineradoras e comunidades e é preciso entender os anseios e ter o apoio de parceiras para chegar na comunidade, para então debater e trazer aos poucos o outro lado a conhecer os pontos positivos dos projetos desenvolvidos. “Nas nossas conversas, é difícil convencer as comunidades, devido à cultura dos povos e o que nos aproxima é a tragédia. Se o processo de comunicação é feito antecipadamente, a empresa pode evitar isso e criar um vínculo diário para que as pessoas do território entendam melhor o trabalho”.

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