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A estratégia de crescimento da Auriverde, novo player no segmento de ouro

Por evando
A estratégia de crescimento da Auriverde, novo player no segmento de ouro

Ser um relevante produtor de ouro no Brasil, de forma sustentável e em curto espaço de tempo. Este é o objetivo da Auriverde, empresa criada no início de 2025 e que já começou a produzir o metal em julho deste ano. A estratégia da empresa para crescer no País é adquirir projetos que possam ser colocados em produção rapidamente, segundo o CEO Rodrigo Nunes. Atualmente a empresa conta com três ativos e continua aberta à análise de outras oportunidades.

Os projetos nos quais a Auriverde está interessada e aqueles que já adquiriu têm algumas características em comum: a primeira é o potencial geológico dos ativos, que é analisado de forma bastante criteriosa. A segunda é que precisam ser projetos já licenciados ou em vias de receber o licenciamento. A terceira condição é que os projetos estejam em jurisdições amigáveis para a mineração, do ponto de vista ambiental, institucional e comunitário. “Resumindo, buscamos projetos com excelente potencial geológico, possibilidade de ser colocado em produção em médio prazo e atendam aos princípios do ESG”, diz o CEO, acrescentando que os ativos que a Auriverde adquiriu já tinham Permissão de Lavra Garimpeira (PLG), que estão sendo convertidas em Alvará de Pesquisa e Guia de Utilização, o que permite avançar de forma bastante rápida para o início de produção.

Dos três projetos no portfólio da empresa, um deles já possuía uma planta de processamento mineral, que estava 80% construída. Trata-se do projeto Poconé, onde a Auriverde rapidamente finalizou os 20% que faltavam para a instalação ser concluída. Um dado positivo é que, durante o trabalho de conclusão da planta, foram identificadas oportunidades significativas de incremento na capacidade. Assim, a instalação que iniciou com capacidade de 1.500 toneladas/dia, passará rapidamente para 2.200 t/dia. Esse aumento de capacidade será conseguido, segundo o CEO, com mudanças simples, como a ampliação do sistema de britagem primária, e a instalação de um britador secundário e peneira, permitindo reduzir a granulometria do minério. A planta começou a operar rapidamente e em julho a empresa já produziu sua primeira barra de ouro. E a previsão é que até outubro a instalação já esteja operando com a nova escala de produção.

Para assumir o projeto Poconé, a Auriverde optou por arrendar o superficiário e comprar os direitos minerários, um total de seis concessões de lavra pelo regime PLG, no meio de dois trends mineralizados, “em uma das províncias de ouro mais impressionantes do Brasil, que é Poconé. Estamos falando de alguns trends mineralizados de 100 km, da cidade de Poconé até Cuiabá, basicamente, onde há quase 90 minas. Nosso projeto Poconé está no meio de dois trends, denominados Arrozal-MT Sul e Adão-Vera, todos pits importantes nessa região”. Tão logo adquiriu a área, a Auriverde começou a fazer trabalhos de sondagem – antecedidos por amostragem de solo e trincheira – e encontrou minério nos dois trends. O trabalho de exploração continua, mesmo depois do início de produção, até porque o propósito da empresa é delimitar recursos minerais com base na norma canadense 43.101. O objetivo é que isto seja conseguido ainda no primeiro trimestre de 2026. “Estamos confiantes de que é um projeto que vai operar muitos anos na escala que estamos prevendo”, diz o CEO.

Ele ressalta que Poconé é um projeto de baixo custo de produção, já que o material é facilmente escavado, dispensando perfuração e desmonte com explosivos. O ouro contido no minério é grosso e encontra-se quase livre, requerendo operações simples de processamento, como britagem, peneiramento, moagem e concentração gravimétrica. Atualmente a empresa está usando mesa vibratória para obter o produto final, mas já foi adquirido equipamento para lixiviação intensiva, que deve ser instalado juntamente com a expansão da britagem.

O segundo projeto da Auriverde é o Figueira Branca, que está em uma fazenda de 2.700 hectares, onde há mais 1.500 hectares de concessão de lavra através de PLG. São 32 PLGs, onde já foram identificados 12 alvos, sendo que em oito deles já foram feitos furos potenciais, que deram resultados positivos. Mesmo com resultados ainda preliminares, o CEO arrisca-se a dizer que Figueira Branca “vai ser um projeto de classe mundial. Só para se ter uma ideia, estamos tendo interseções com boas potencias e os teores médios do deposito estão atualmente superiores a 1,5 gramas de ouro por tonelada de minério, com algumas zonas com altos teores de 6 e 10 gramas por tonelada. E em um material muito próximo à superfície”.

O plano da empresa para o projeto Figueira Branca é realizar 10 mil metros de sondagem até o final de 2025, sendo que aproximadamente 5.600 já foram executados. Os recursos minerais até agora delimitados já permitem iniciar o projeto de lavra, sem problema algum, mesmo porque a ideia é começar a produção numa escala pequena, apesar de ser, possivelmente, um depósito de grande porte. Ou seja, é uma escala de produção mais em função do tamanho do caixa da empresa do que daquilo que o depósito comporta. A empresa pensa em instalar uma planta de 1.500 toneladas/dia, usando gravimetria e lixiviação em tanque (CIL), um circuito bastante tradicional na mineração. Segundo Nunes, as provas metalúrgicas indicaram que um circuito desse tipo em Figueira Branca permite recuperações médias de 95%. “A ideia é produzir, inicialmente, entre 20 mil e 25 mil onças de ouro por ano. Obviamente, vamos continuar avançando com os planos de exploração e com o próprio fluxo de caixa da operação financiar etapas de expansão dessa da planta num intervalo curto de tempo”, diz Nunes. A expectativa é que a primeira planta em Figueira Branca demande um investimento entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões. Atualmente, a empresa está avançando com a engenharia de detalhe e possivelmente ainda em 2025 devem ser iniciadas as obras de engenharia e aquisição de equipamentos. Como se trata de um projeto relativamente pequeno, a construção deve demandar cerca de 13 meses. Assim, é possível que o empreendimento entre em operação no segundo semestre de 2026.

O terceiro projeto da Auriverde é o Alta Floresta, que fica em uma área que foi muito conhecida na década de 1980, com o garimpo aluvial denominado Pista do Cabeça. A região de Alta Floresta foi, inclusive, onde o empresário Eike Batista iniciou sua trajetória como minerador de ouro.

Trata-se também de uma fazenda com 2.700 hectares com cerca de 1 mil hectares de concessão em regime de PLG. “Nós temos comprovado presença de aluvião nessa região, porém o mais interessante é o minério primário que identificamos na fazenda. Lá existe um shaft (poço) antigo, com 30 metros de profundidade e uma galeria com aproximadamente 40 metros. Amostras de rocha coletadas pela Auriverde retornaram mineralização de alto teor com até 15 gramas de ouro por tonelada”, diz Rodrigo Nunes.

Porém, a empresa só pretende desenvolver trabalhos de exploração mais intensamente em Alta Floresta depois que terminar o ramp up do projeto Poconé e a mina estiver operando no nível de produção projetado. Provavelmente, o desenvolvimento do projeto Alta Floresta vai ser iniciado depois que Figueira Branca também entrar em operação.

Um dos pontos fortes da Auriverde, além dos ativos, segundo o CEO, é a equipe gerencial, com profissionais de grande experiência, com atuação em empresas como Pan American Silver, Lundin Mining, Yamana Gold e Hochschild Mining, por exemplo.

Outro ponto é que a empresa está muito ativa na exploração, tendo feito 10 mil metros de sondagem em Poconé e Figueira Branca e com planos de chegar ao final de 2025 com um total de 15 mil metros perfurados. “Estamos investindo bastante em sondagem, conhecimento geológico, para tomar decisões acertadas e avançar com a infraestrutura”, afirma o executivo.

Embora esteja conduzindo seus projetos atuais com recursos próprios, a Auriverde não descarta uma possível listagem em bolsa para suportar os projetos futuros. Ou seja, a abertura de capital é uma possibilidade, mas somente depois que a empresa estiver operando. “Sabemos da dificuldade de captação de recursos por parte de empresas pré-operacionais no mercado de mineração de uma maneira geral, independente do preço alto do ouro e da fase positiva para o setor em geral. Então, antes de montar a Auriverde, nos estruturamos para que pudéssemos, dentro da organização, financiar a compra dos três projetos e avançar com a operação dos dois primeiros empreendimentos. O primeiro já aconteceu, estamos em etapa de expansão e com o Figueira Branca vai acontecer a mesma coisa. No final de 2026, vamos ter duas minas em operação, que vão estar 100% alinhadas com todos os critérios mundiais de declaração de recurso e reserva e de política ESG. Nesse momento, então, teremos uma decisão importante para tomar: se listamos a Auriverde ou buscamos outras formas de crescimento através do fluxo de caixa das duas operações. Ou seja, é algo que está no radar como uma opção estratégica, mas que não está definido se efetivamente vai acontecer. Só vai ser colocada na mesa depois que os projetos Poconé e Figueira Branca entrarem em operação”, conclui o dirigente.

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