
Avanços têm impacto direto: mineradoras reportam ganhos de dois dígitos em eficiência, redução significativa de custos e maior confiança em segurança e sustentabilidade.
A inteligência artificial não está apenas melhorando processos: está mudando a forma como setores inteiros existem e se posicionam. Esse movimento é claro na mineração e na energia, que deixam de ser atividades puramente físicas para se tornarem indústrias intensivas em dados e inteligência.
Na mineração, a transformação é visível. Máquinas já chegam com tecnologia de informação embarcada, transmitindo em tempo real indicadores de desempenho e segurança. Caminhões autônomos percorrem minas com precisão, drones mapeiam jazidas e softwares de planejamento de mina e beneficiamento antecipam o rendimento de cada operação. Esses avanços têm impacto direto: mineradoras reportam ganhos de dois dígitos em eficiência, redução significativa de custos e maior confiança em segurança e sustentabilidade.
Na energia, a lógica é semelhante. Usinas solares e eólicas só conseguem expandir porque softwares integram dados de consumo, clima e manutenção, equilibrando redes em tempo real. A AI permite prever falhas, reduzir perdas e tornar o setor mais confiável e sustentável.
Nada disso seria possível sem a Indústria do Software. E aqui está um dos maiores equívocos ainda presentes: enxergar software apenas como “TI” ou “informática”. Essa visão é ultrapassada. Nos anos 1990, TI era suporte administrativo; hoje, software é o eixo invisível que conecta sensores, algoritmos e modelos de AI em todos os setores — da mineração ao setor financeiro.
A verdadeira inovação vem do chamado data fabric, a malha digital que une IT (informação), OT (operações) e ET (engenharia). Essa integração transforma volumes gigantes de dados em inteligência aplicada, capaz de prever rupturas em cadeias de suprimento, antecipar falhas críticas e tornar empresas mais competitivas.
O Brasil tem uma oportunidade única: reposicionar seus setores estratégicos para medir competitividade não apenas pelo volume extraído ou produzido, mas pela inteligência embarcada em cada etapa da cadeia. Reduzir software a “TI” é como achar que a eletricidade servia apenas para acender lâmpadas. O futuro será definido por quem entender que a Nova Economia com IA depende de um software transversal, capaz de transformar dados em produtividade, sustentabilidade e inovação reais. (Por Fabio Veras - Presidente do Sindicato da Indústria de Software em Minas Gerais)
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