Adoção de práticas ESG pode somar R$ 400 bilhões à economia

Estima-se que os ganhos totais possam alcançar R$ 399 bilhões adicionais por ano, montante comparável ao PIB do estado da Bahia em 2022.
Segundo estudo Impact Edge, da EY-Parthenon, lançado durante a COP30, em Belém, a incorporação estratégica de práticas ESG na mineração pode aumentar 20,81% na atividade econômica, valor equivalente ao crescimento acumulado da mineração nos últimos cinco anos, segundo dados da PIA/IBGE. O levantamento destaca ainda que os benefícios ultrapassam as fronteiras das empresas que adotam essas práticas e se expandem a toda a economia brasileira. Estima-se que os ganhos totais possam alcançar R$ 399 bilhões adicionais por ano, montante comparável ao PIB do estado da Bahia em 2022.
O estudo revela ainda a geração de mais de três milhões de novos empregos, número equivalente à população do estado de Alagoas, o que reforça o impacto transformador das iniciativas para o mercado de trabalho. O setor de mineração mantém papel central na economia brasileira e alcançou, em 2024, um PIB de R$ 290,6 bilhões, o que representa 2,67% de tudo o que o país produz.
A adoção efetiva das iniciativas divulgadas pelas empresas mapeadas no estudo pode evitar a emissão de 19,52 milhões de toneladas de CO₂ e preservar cerca de 4,8 trilhões de litros de água, além de impedir a geração de 400 milhões de toneladas de resíduos. Na área social, o destaque fica para a criação de 7.152 vagas afirmativas em posições de liderança, demonstrando a disposição do setor em seguir impulsionando a diversidade, inclusão e equidade. Na esfera da saúde, estima-se que 93.056 internações seriam evitadas anualmente, uma economia de R$ 47,77 milhões ao Sistema Único de Saúde, valor que pode ser realocado para áreas prioritárias como educação, segurança e infraestrutura. “A mineração brasileira vive um momento decisivo. Temos a oportunidade de deixar para trás uma visão arcaica de que o setor de mineração estava fundamentalmente vinculado a riscos ambientais e sociais. As empresas vêm investindo significativamente em práticas robustas de gestão de riscos com o objetivo de aumentar a resiliência de sua infraestrutura aos efeitos das mudanças climáticas e mitigar seu impacto nos biomas onde opera. A transição já começou — e os resultados mostram que é plenamente possível conciliar competitividade econômica com responsabilidade ambiental e inclusão social. Quem conseguir alinhar estratégia, dados e execução estará preparado para transformar a transição climática em uma vantagem competitiva de longo prazo”, diz Elanne Almeida, Líder Global de Sustentabilidade para Mineração e Metais da EY.
A mineração tem posição estratégica na economia brasileira e fornece matérias-primas essenciais para setores como indústria de base, construção civil, energia e tecnologias emergentes. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de minério de ferro e o quinto maior produtor de minerais em geral, o que o coloca em destaque no cenário global. Com o avanço acelerado da indústria tecnológica, cresce também a demanda por minerais críticos e terras raras, recursos fundamentais para a transição energética e digital. “O setor atravessa um momento de profundas transformações. O compromisso com práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) deixou de ser apenas uma exigência regulatória e passou a representar uma nova forma de operar. A implementação de medidas de redução de emissões, eficiência energética, melhor gestão hídrica e de resíduos têm mostrado que investir em sustentabilidade é uma decisão estratégica cujo valor extrapola os típicos indicadores ESG, gerando um impacto real na economia do território”, comenta Almeida.
O levantamento aponta que entre os principais desafios do setor estão a gestão dos recursos hídricos, descarbonização de processos intensivos em energia e segurança de barragens e rejeitos que continuam sob forte escrutínio público e regulatório, e competem por capital em um contexto de instabilidade política internacional que reduz o apetite ao risco e cria um mindset de cautela, redução de custos e a preservação do capital – pelo menos no curto prazo. É necessário fortalecer a governança socioambiental, ampliar o diálogo com as comunidades e garantir maior transparência e rastreabilidade nas cadeias de suprimentos minerais. “Essas dinâmicas vêm redefinindo as prioridades de investimento no setor. Modelos antes focados em conformidade deram lugar a estratégias estruturadas de criação de valor compartilhado, que unem eficiência operacional e impacto socioambiental positivo. O Impact Edge demonstrou que esse impacto é muito maior do que se conhecia”, finaliza a líder.
Carregando recomendações...