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AURA BORBOREMA: Utilizando água de reuso para processamento do minério de ouro

AURA BORBOREMA: Utilizando água de reuso para processamento do minério de ouro

Em pleno sertão potiguar, a empresa transforma o desafio da escassez hídrica em símbolo de inovação e sustentabilidade e exemplo de convivência com o semiárido.

No sertão de Currais Novos, região do Seridó potiguar, o cenário é de contrastes. O sol forte e a vegetação seca revelam o quanto a água é um recurso raro e precioso. É justamente ali que a Aura Borborema, a mais recente operação de ouro da Aura Minerals, decidiu enfrentar o maior dos desafios: operar uma mina sem utilizar nenhum litro de água nova. A iniciativa levou a empresa a ser eleita como Empresa do Ano do Setor Mineral 2025 na categoria ESG - Médio Porte.

“Quando desenhamos o projeto, sabíamos que o grande desafio seria o hídrico”, conta Fred Silva, diretor de Operações da Aura Borborema. “A região caminha para um processo de desertificação, e não fazia sentido competir com a população por um bem tão essencial. Por isso, o projeto nasceu com o compromisso de funcionar 100% com água de reuso”.

O conceito, simples na essência e sofisticado na execução, transformou-se em uma das mais inovadoras soluções ambientais da mineração brasileira. Em parceria com a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), a Aura estruturou uma parceria público-privada (PPP) que permite captar, tratar e reutilizar a água de esgoto doméstico do município de Currais Novos para uso integral nas operações da mina.

“Não usamos água subterrânea, nem de córregos ou rios”, reforça Fred. “Toda a água que move Borborema é de reuso. É um ciclo completo, que começa no esgoto da cidade e termina no processo industrial da mineração, após tratamento avançado com osmose reversa e três etapas de purificação”.

A proposta, segundo Fred, foi bem recebida desde o início pela CAERN e pela Agência Nacional de Águas (ANA). “Chegamos com uma ideia que estava totalmente alinhada ao novo marco do saneamento básico no Brasil”, explica. “Construímos uma estrutura dentro da própria estação de tratamento do município e assumimos a operação. Foi um processo rápido e colaborativo, em que todos entenderam o potencial de benefício coletivo”.

Hoje, toda a operação da estação é gerida pela equipe da Aura Borborema, que bombeia cerca de 70 m³ por hora de água de reuso ao longo de 27 quilômetros de adutora até a planta de beneficiamento do minério. O sistema é dinâmico, acompanhando o fluxo da cidade: durante o dia, há picos de até 120 m³/h, enquanto na madrugada o volume chega a 20 m³/h.

“Quando chegamos, o que existia era apenas um peneiramento rudimentar do esgoto. Não havia tratamento algum”, recorda o executivo. “Hoje, além de eliminar o lançamento de efluentes in natura no córrego local, nós tratamos toda a água coletada e devolvemos ao meio ambiente um ativo limpo e sustentável”.

O investimento total do projeto foi de aproximadamente R$ 45 milhões, e o contrato com a CAERN tem validade vinculada à vida útil da mina, estimada inicialmente em 10 anos, mas que pode se estender para até 19 anos, conforme a expansão das reservas e da capacidade de produção.

“É uma PPP diferente, porque não recebemos nenhum incentivo fiscal ou contrapartida financeira”, explica Fred. “O município e a companhia estadual se beneficiam indiretamente, já que reduzem custos de tratamento e ganham uma estrutura moderna, que será devolvida em pleno funcionamento quando a mina encerrar suas atividades”.

Mas o compromisso da Aura Borborema com o meio ambiente não se limita ao uso responsável da água. A empresa mantém também uma fazenda voltada ao reflorestamento e combate à desertificação, fora da área operacional.

“Poderíamos ter feito o viveiro dentro do site, mas preferimos estabelecer essa estrutura dentro do município”, conta Fred. “Lá produzimos e cuidamos das mudas usadas na recomposição florestal da mina e também realizamos plantios para recuperação de áreas degradadas da região. A fazenda se tornou um polo de restauração ambiental”.

Essa decisão reflete um dos pilares da Cultura Aura 360, que integra os eixos de respeito, cuidado e geração de valor compartilhado. A lógica é simples: o desenvolvimento da mineração deve caminhar junto com o desenvolvimento local. “Quando investimos em reflorestamento e uso de água de reuso, estamos cuidando de algo que é muito maior que o nosso negócio: estamos ajudando a preservar a vida no sertão”, afirma.

Planejamento de longo prazo e expansão sustentável

Com o avanço das obras de transposição do Rio São Francisco e a previsão de chegada da água à cidade de Currais Novos em 2026, a expectativa é de que a cobertura de saneamento alcance 80% a 90% do município, permitindo ampliar a oferta de água de reuso e, consequentemente, dobrar a capacidade de produção da mina de Borborema.

“Hoje, 69% da cidade tem coleta de esgoto. Nossa meta é contribuir para universalizar esse índice”, explica Fred. “Estamos trabalhando junto com a CAERN e com a prefeitura num grupo técnico permanente, com reuniões quinzenais, para planejar a expansão da rede e definir prioridades”.

O grupo de trabalho, formado por representantes da Aura, da Secretaria Municipal de Infraestrutura e da companhia de saneamento, está desenvolvendo um plano de universalização do saneamento em três horizontes: curto, médio e longo prazo (2026, 2027 e 2028). “Estamos quantificando dados, aprimorando medições e criando bases reais para que as decisões sejam sustentadas por informações concretas”, afirma o executivo.

Segundo ele, essa parceria vai muito além da mineração: “Estamos ajudando a prefeitura a construir a infraestrutura de saneamento de uma cidade inteira. É um legado que fica. Currais Novos será uma das poucas cidades do Brasil a alcançar praticamente 100% de saneamento — e isso em pleno semiárido nordestino”

Leia a matéria completa na edição 453 da Brasil Mineral

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