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Bilionário turco adquire ativos da BHP em Carajás por US$ 465 Milhões

Bilionário turco adquire ativos da BHP em Carajás por US$ 465 Milhões

Bilionário turco Robert Yuksel Yildirim, da CoreX Holdings, adquire ativos de cobre da BHP em Carajás por US$ 465 milhões, visando construir uma cadeia de suprimentos de metais independente da China.

A CoreX Holdings, do bilionário turco Robert Yuksel Yildirim, fechou a aquisição dos ativos de cobre da BHP no complexo de Carajás por até US$ 465 milhões, em uma das maiores transações minerárias do ano no Brasil. O negócio representa mais um movimento estratégico do empresário turco para construir uma cadeia de suprimentos de metais independente da hegemonia chinesa no setor.

Yildirim construiu seu império partindo do setor portuário e de transporte marítimo, expandindo posteriormente para mineração, energia e outros segmentos industriais estratégicos. Atualmente preside a Yildirim Holding AS desde 1993, uma das maiores holdings turcas.

O conglomerado de Yildirim opera através da Yilport Holdings uma das maiores redes portuárias privadas globais, com terminais em Portugal, Suécia, Turquia, Peru, Equador, Guatemala e outros países, figurando entre os dez maiores operadores portuários mundiais segundo a Lloyd's List. No segmento minerário, a recém-criada CoreX Holdings tem focado agressivamente na aquisição de ativos estratégicos. Além da operação no Brasil, a empresa adquiriu a mina de níquel Cerro Matoso na Colômbia da South32, e controla minas de carvão colombianas desde 2019. O portfólio inclui ainda a Vargön Alloys AB na Suécia, especializada em ligas metálicas.

A estratégia de Yildirim ganha relevância particular no contexto geopolítico atual. Em entrevista à Bloomberg em abril de 2025, o bilionário revelou estar em uma "caçada" de US$ 2 bilhões por minas de níquel, apostando na recuperação dos preços de metais para baterias e na demanda ocidental por alternativas aos fornecedores chineses. "Pretendo me tornar um fornecedor-chave para os EUA e a Europa", declarou, posicionando a CoreX como alternativa estratégica aos players chineses em metais críticos para a transição energética.

A aquisição dos ativos de Carajás representa a entrada significativa da CoreX no mercado brasileiro de cobre. O acordo com a BHP prevê pagamento de US$ 240 milhões na conclusão, com até US$ 225 milhões adicionais em pagamentos contingentes baseados em metas de produção e desenvolvimento de projetos, iniciando potencialmente em 2027. A CoreX superou propostas concorrentes, incluindo da brasileira Nexa Resources, para adquirir as operações de cobre no sudeste do Pará, uma das principais regiões minerárias mundiais.

Os ativos adquiridos são centrados na mina Pedra Branca, inaugurada em 2020 em Água Azul do Norte, com capacidade instalada de 720 mil toneladas anuais de minério de cobre e ouro através de lavra subterrânea. A operação faz parte do conceito de "Hub de Carajás Leste", estratégia que engloba múltiplos depósitos distribuídos entre Água Azul do Norte, Curionópolis e Canaã, incluindo a mina Antas na região aurífera-cuprífera de Carajás e o depósito Santa Lúcia de óxido de ferro e ouro-cobre. Estes ativos foram originalmente adquiridos pela BHP através da compra da Oz Minerals por US$ 9,6 bilhões, representando operações consolidadas com infraestrutura desenvolvida e potencial comprovado para expansão dentro do modelo de hub operacional.

Embora não figure nas principais listas de bilionários globais, Yildirim acumulou fortuna multibilionária através de seus empreendimentos diversificados. Sua estratégia atual envolve investimentos massivos em mineração, com planos de desembolsar US$ 2 bilhões em aquisições nos próximos anos. Além do Brasil e Colômbia, anunciou investimentos de US$ 750 milhões na Venezuela, demonstrando disposição para operar em mercados considerados de alto risco geopolítico por outros investidores internacionais.

A entrada da CoreX no Brasil introduz nova dinâmica no setor minerário nacional, trazendo um player com visão geopolítica definida e capacidade financeira robusta. A estratégia de construir uma cadeia de suprimentos alternativa à chinesa pode posicionar o Brasil como fornecedor estratégico de metais críticos para mercados ocidentais, especialmente considerando a crescente demanda por cobre devido à transição energética global e eletrificação de veículos.

A transação nos ativos de Carajás, sujeita às aprovações regulamentárias usuais, deve ser concluída no primeiro trimestre de 2026. Para o mercado de cobre brasileiro, a operação sinaliza o interesse crescente de capitais internacionais em ativos de qualidade, enquanto para Yildirim representa mais um passo na consolidação de seu império minerário e na materialização de sua ambição de remodelar as cadeias globais de suprimentos de metais estratégicos.

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