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Cadeia do lítio é debatida no vale do Jequitinhonha

Por evando
Cadeia do lítio é debatida no vale do Jequitinhonha

A Conferência do Lithium Business realizada de 8 a 10 de julho Araçuaí, em Minas Gerais, no Vale do Jequitinhonha, debateu a cadeia do lítio e estratégias para o fortalecimento da cadeia produtiva, o desenvolvimento sustentável e os entraves à verticalização da produção no Brasil. O encontro reuniu CEOs e executivos de empresas que atuam na região e teve a mediação do idealizador do evento, Rossandro Ramos.

Representando a CEO da Sigma Lithium, Lígia Pinto, Vice-presidente de Relações Institucionais da companhia, avaliou o momento de instabilidade do mercado e o impacto dos preços do lítio nas empresas que atuam na região. “Quarenta por cento das empresas de lítio estão operando no break even ou abaixo dele”, afirmou. Apesar disso, ela ressaltou a posição estratégica do Brasil no cenário global, mas alertou que a cadeia ainda enfrenta barreiras para agregar valor internamente. Para Lígia, mesmo enfrentando desafios com a volatilidade dos preços, a empresa continua investindo para expandir sua operação e em programas sociais, porque está comprometida com o desenvolvimento da região. “Ela citou diversos programas sociais apoiados pela empresa, entre eles o Donas de Mim, que tem gerado impacto positivo na vida de mulheres da região. “O empreendedorismo do Vale vai só florescer e obviamente o das mulheres porque a gente acredita nesse programa, mesmo que nós tenhamos graus de maturidade e vocações distintas. Acreditamos no empreendedorismo, para o desenvolvimento do território”.

Já Fabiano Costa, da AMG Brasil, ressaltou a importância de considerar não apenas os objetivos financeiros, mas também as metas estratégicas de longo prazo. “A gente fica tão ligado no objetivo financeiro e, na realidade, existem outros objetivos que devem ser considerados”, disse. Ele citou a decisão da AMG de revisar sua planta de engenharia para ampliar a atuação na cadeia, com foco na produção de compostos técnicos no Brasil. Fabiano também rejeitou a viabilidade do sulfato de lítio, classificando-o como ineficiente do ponto de vista ambiental e estratégico, enquanto Leandro Gobbo, CEO da PLS, trouxe uma perspectiva centrada no impacto social dos projetos de mineração. “A gente não quer empresas que dependam da PLS, a gente quer empresas locais capazes de atender qualquer um”, afirmou. Para isso, a companhia tem investido em treinamentos, parcerias com o Sistema S e políticas de contratação local. Gobbo defendeu que esse modelo pode gerar um legado de desenvolvimento autossustentável para o município, mesmo após o fim da mina.

Vinícius Alvarenga, diretor da Companhia Brasileira de Lítio, afirmou que nenhum país avançou na verticalização da cadeia do lítio sem apoio estatal robusto. “Nós não temos nada no Brasil a respeito, nada relevante”, pontuou. Segundo ele, a criação de demanda — especialmente por veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia — é fundamental para atrair o restante da cadeia produtiva. Alvarenga também defendeu uma visão mais positiva sobre a mineração no Vale: “A mineração é que gerou essa condição aqui”, disse, referindo-se a avanços em infraestrutura e serviços públicos e Blake Hylands, CEO da Lithium Ionic, abordou o potencial do Brasil e da região do Vale do Jequitinhonha. “O Brasil tem algumas das melhores rochas do mundo”, afirmou, destacando também a infraestrutura e a força de trabalho como ativos importantes. Hylands ressaltou que investidores internacionais estão atentos ao que acontece na região, mas ponderou que o país precisa garantir estabilidade jurídica e regulatória para atrair capital. Segundo ele, o Brasil tem a chance de se consolidar como líder global na transição energética.

Ao final do painel, Rossandro Ramos reforçou a importância de alinhar expectativas entre empresas, governos e comunidades. Para ele, o desenvolvimento sustentável da cadeia do lítio no Vale exige planejamento de longo prazo, políticas efetivas e participação ativa das lideranças locais e nacionais. O painel deixou evidente que, embora os desafios sejam grandes, o consenso entre os participantes é de que o Brasil tem as condições — geológicas, econômicas e humanas — para assumir protagonismo na nova economia verde.

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