Consumo deve cair 8% na AL em 2022

Para 2023 é aguardada recuperação na casa dos 4%, na comparação com o volume de 2021 para o consumo da região.
A Associação Latino-Americana do Aço (Alacero) prevê um recuo de 8% (após revisão), em média, no consumo de aço na região na comparação com o último ano. Alejandro Wagner, diretor-executivo da Alacero, diz que desde o final de fevereiro fatores de peso influenciaram sobre as projeções para 2022. Ele cita a guerra da Rússia na Ucrânia, a política de Covid zero da China e o temor de recessão mundial, principalmente nos Estados Unidos, devido à alta da inflação.
No início de março, a Alacero divulgou projeção de queda de 2,1% para este ano, um porcentual que mostrava apenas um leve ajuste no consumo ante o desempenho visto em 2021. Wagner observa que o mercado de aço cresceu bastante em 2021, com demanda reprimida, mas principalmente devido à recomposição de estoques nas cadeias de consumo. Durante o auge da pandemia, em 2020, ocorreu profundo desarranjo na produção das siderúrgicas, com paralisação de operações por meses. Isso demandou tempo para que voltasse à normalidade e à acomodação da demanda. Em 2021, o consumo aparente de produtos siderúrgicos na América Latina atingiu 74,8 milhões de toneladas, 27% sobre o ano anterior. “Mesmo caindo 8%, ainda vamos ficar com um volume de consumo superior ao de anos anteriores à pandemia (de 2017 a 2019, foram 66 milhões)”, afirma Wagner.
Para 2023, Wagner aguarda recuperação na casa dos 4% na comparação com o volume de 2021 para o consumo da região. Depois do Brasil - com mais de 26 milhões de toneladas -, o México é o grande consumidor de aço da região - cerca de 25 milhões t. A construção civil lidera o consumo de aço nos países latino-americanos, com 48,3%, seguida pelos setores metal-mecânico (17,1%), automotivo (16,8%), manufatura de produtos metálicos (12,4%), equipamentos elétricos (2,2%), transporte (2%) e bens eletrodomésticos (1,2%).
A produção de aço bruto atingiu 64,6 milhões de toneladas em 2021, crescimento de 15% sobre volume de 2020, sendo que mais da metade do volume produzido foi do Brasil (36 milhões de toneladas). O consumo per capita médio na região foi de 120 kg por habitante. O setor tem 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos.
Segundo Wagner, os impactos da guerra da Ucrânia foram mais fortes para a Europa e as sanções à Rússia não surtiram tanto efeito no mercado latino-americano. Nesse cenário, o mandatário informou que as empresas siderúrgicas da região vêm buscando oportunidades de exportações - por exemplo, Estados Unidos e Ásia, com preços ainda bons. E também dentro da região.
Desvios de mercado e subsídios, principalmente da China, continuam a ser uma preocupação dos produtores afiliados à Alacero. De 66 ações antidumping abertas na América Latina, 43 foram contra aço de origem chinesa. “Para o médio e longo prazo, vemos indícios de melhoras, com a China preocupada em investir mais em aços menos poluentes para demanda interna”. O executivo destaca que o período de 2021 a 2023 mostra um aumento nas decisões de investimento na região, voltados principalmente para ganhos de eficiência energética, aços de maior qualidade, redução de impacto ambientais e projetos de descarbonização. “Nossa pegada de carbono é de 1,66 tonelada de CO2 para cada tonelada fabricada, ante média mundial de 1,89 tonelada e das 2,17 toneladas emitidas na China”. Para Wagner, a AL é favorecida para se desenvolver energias renováveis (eólica e solar), com destaques para Brasil e Argentina. Lembra também que o gás natural será elemento-chave de transição no curto e médio prazo, entre os fósseis e as renováveis. O futuro, completa Wagner, passará por energias renováveis, pela eletrificação, por hidrogênio verde e por sistemas de captura e armazenamento de carbono.
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