Fagundes deixa região do Vale do Jequitinhonha

A Fagundes Construção e Mineração encerra suas atividades no Vale do Jequitinhonha, impactando cerca de 500 empregos na operação da Sigma Lithium.
Conforme anúncio em suas redes sociais no domingo, 5 de outubro, a Fagundes Construção e Mineração deixa a região do Vale do Jequitinhonha onde estava presente desde 2022 como prestadora de serviços para a Sigma Lithium na operação Grota do Cirilo, entre os municípios de Araçuaí e Itinga. Segundo informações extraoficiais, a empresa terceirizada estaria abandonando a região pela falta de pagamentos da contratante e que a nova fornecedora da produtora de lítio reabsorveria apenas em torno de 60% dos cerca de 500 empregados que podem ser desligados com a decisão, ou seja, aproximadamente 200 pessoas perderiam os empregos.
A Fagundes não detalhou o motivo pelo qual está saindo das cidades e não citou a Sigma. Porém, ressaltou que investiu em pessoas, máquinas e equipamentos, apostando e acreditando em um relacionamento de longo prazo. E mencionou que, mesmo que os compromissos assumidos com ela não tenham sido cumpridos, as obrigações com os empregados, contratados e fornecedores serão honradas. “Nossa intenção era perpetuar nossa permanência, mas, infelizmente, precisam os interromper esta história, esperamos que apenas temporariamente”, enfatizou.
Pelo outro lado, a Sigma Lithium informa que está atualizando as operações de mineração do Grota do Cirilo, que inclui uma mudança de fornecedores. A produtora de lítio também não citou a Fagundes. Como parte da atualização, os equipamentos de mineração estão sendo substituídos. A desmobilização começou nos primeiros dias de outubro e a remobilização está prevista para iniciar nesta semana, quando o novo fornecedor deverá retomar as atividades. A Sigma comunicou que está atualizando as operações da área mineral, responsáveis por mais de 66% dos custos de entrada da planta, para aumentar eficiência e competitividade. A empresa informa ainda que a revisão estava planejada para a fase 2 do projeto – que abrange o aumento da capacidade produtiva, com uma nova fábrica, em construção no momento –, mas ficou definido que deveria ser iniciada no terceiro trimestre.
A Sigma afirmou que a antecipação do cronograma foi uma resposta à queda nos preços do lítio de abril a agosto deste ano e para estender os padrões Sigma de saúde e segurança para as operações de mineração. A empresa disse esperar que a atualização aumente a produção industrial, reduzindo os custos gerais de entrada em aproximadamente 20%, e prepare a mina para alimentar a segunda planta mais rapidamente, melhorando a geometria. Com a saída da Fagundes da região, os trabalhadores do Vale do Jequitinhonha mostraram-se preocupados. Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Araçuaí (Acia), Daniel Ferreira, a situação pegou a todos de surpresa e o impacto no comércio não só de Araçuaí e Itinga, como em cidades vizinhas, pode ser “gigantesco”, visto que a renda dos colaboradores circulava na própria região. Além dos efeitos negativos na economia, o executivo alerta para o impacto psicológico nos trabalhadores. Isso porque vários deles estavam felizes por poder trabalhar de carteira assinada, receber benefícios e ter a oportunidade de atuar perto das famílias – antes precisavam procurar trabalho até mesmo em outros estados. Segundo ele, se incluídos os empregados indiretos, são mais de mil pessoas afetadas somente em Araçuaí. Embora parte dos colaboradores possam ser absorvidos pela nova terceirizada da Sigma, Ferreira ponderou que os impactos econômicos e psicológicos serão sentidos da mesma forma. Conforme o presidente da Acia, os trâmites de contratações são demorados e existe uma incerteza entre os profissionais de quem será chamado novamente para a operação.
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