
O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) realizou, dia 28 de maio, o Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos 2025 que abordou como o Brasil pode estabelecer os minerais críticos e estratégicos (MCEs) como parte importante das soluções de enfrentamento da questão climática. Um dos destaques do evento foi o lançamento do documento Green Paper, que propõe redefinir o papel do Brasil na transição energética, durante painel com participação da diretora-executiva da COP30, Ana Toni. O Green Paper sugere um modelo brasileiro para a gestão de minerais críticos e estratégicos (MCE), como lítio, cobalto, terras raras, entre outros, alinhando soberania nacional, justiça climática e desenvolvimento sustentável e está disponível, gratuitamente, no site do IBRAM. “Os minerais críticos e estratégicos na COP30 - Avançar com uma política para os brasileiros e para o mundo” destaca que o Brasil não pode se limitar a ser apenas um fornecedor de matérias-primas. O país tem potencial para se tornar um hub industrial da transição energética na América do Sul, agregando valor local por meio de cadeias verdes como baterias de lítio, magnetos de terras raras e hidrogênio verde.
Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM, disse que “entramos na Era dos Minerais Críticos e Estratégicos, assim como tivemos a Era do Petróleo” e que o cenário é de crescente procura pelos MCEs por parte das nações e blocos econômicos, inclusive os produzidos no Brasil. O Brasil precisa enfrentar e superar gargalos que inibem a expansão da produção de minérios, como conhecimento geológico restrito, licenciamento ambiental custoso e moroso, lacuna na concessão de crédito adequado às características e expectativas da indústria da mineração”. A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, disse que a mineração ainda não está presente na pauta de negociações da conferência da ONU, que será realizada no Pará, em novembro, embora ela entenda que a atividade deveria ocupar lugar de destaque, como demais assuntos relacionados a energia, infraestrutura, uso da terra. “Infelizmente a palavra mineração não está na negociação, como não existe nenhum documento, ainda, que fale do papel de mineração para o tema da mudança do clima. Como assim? Como o mundo não se atentou e não fez isso porque se sabe que a mineração é fundamental para a transição energética, que a mineração é vital para quase tudo?”, questionou Ana Toni em sua fala no seminário.
Ana Toni abriu espaço para um diálogo com o setor da mineração na COP-30 e parabenizou o IBRAM por trazer o tema a debate público no seminário internaciona. “É uma oportunidade civilizada de trazer este debate. O Brasil debateu pouco sobre isso, a gente fala muito mais de mineração ilegal no Brasil, na mídia brasileira e internacional, do que de mineração. É uma contradição e a gente chega numa COP com pouco debate nacional em todos os setores sobre mineração. Mas vamos começar a fazer este debate e da maneira mais específica possível (...) e trazer sempre o tema da mineração junto com a economia circular, porque é colocar a mineração e os minerais críticos já na economia do futuro, não é só (abordar a) mineração como commodity, não é só extração”, afirmou Ana Toni.
O vice-presidente do IBRAM, Fernando Azevedo, lembrou da importância da primeira edição do seminário, em 2024, que resultou em contribuições à elaboração do projeto de lei nº 2780/24, do deputado Zé Silva, que institui a política nacional de minerais críticos. “Agora, a edição do seminário em 2025 integra as estratégias do IBRAM rumo a COP30”, disse. Ele destacou a participação intensa de público, com mais de 400 inscritos de cinco países além do Brasil: Austrália, Canadá, França, Reino Unido e Suíça. O seminário contou com a participação ativa de 41 painelistas, sendo 46% de participação feminina, informou Azevedo. Participaram do seminário diversas personalidades, como Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente, Co-Presidente IRP- UNEP e Membro do Conselho Econômico e Social da ONU; Laurent Javaudin, conselheiro de Energia, Clima e Meio Ambiente da Delegação da União Europeia no Brasil; Tomás Bredariol, analista de Política Energética e Ambiental da IEA (Agência Internacional de Energia – por vídeo); Sophie Davies, embaixadora da Austrália no Brasil; Emmanuel Kamarianakis, embaixador do Canadá no Brasil; deputados Zé Silva e Arnaldo Jardim; Mauro Henrique Moreira Sousa, diretor-geral da Agência Nacional de Mineração; além de autoridades dos ministérios da Casa Civil, Fazenda, Minas e Energia, MCTI.
Outros temas abordados nos painéis do seminário foram: Desafios da Produção Mineral e como endereçá-los por meio da Inovação e Tecnologia; Investimentos em Infraestrutura para o crescimento dos minerais críticos e estratégicos; Novas vozes no downstream para Minerais Críticos e Estratégicos; Estudo IBRAM e CETEM sobre Diagnóstico do Brasil e Rotas Tecnológicas para Minerais Críticos e Estratégicos; O papel do Brasil na agenda global de minerais críticos eestratégicos: oferta x demanda brasileira por minerais; Geopolítica e o Potencial dos minerais críticos e estratégicos. O Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos 2025 teve o patrocínio de: Samarco, ale (Diamante) e MineracaoTaboca (Ouro).
Carregando recomendações...