Indústria cimenteira prevê crescer 2% a 3% em 2025

Perspectiva está alinhada em duas frentes principais: a força do MCMV, que deve gerar uma demanda adicional de 2,5 a 3 milhões de toneladas de cimento por ano, e os investimentos contínuos em infraestrutura.
O Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) divulgou que as vendas somaram 6,3 milhões de toneladas de cimento em outubro de 2025, um crescimento de 7,1% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado até outubro, as vendas totalizaram 56,6 milhões de toneladas, um aumento de 3,5% comparado a igual período do ano passado. O resultado do setor refletiu o cenário macroeconômico contraditório, que combinou, de um lado, um mercado de trabalho aquecido e, de outro, juros altos, inadimplência e endividamento elevados.
A taxa de desemprego foi a menor da série histórica (5,6% em setembro) e com recordes na população ocupada (102,4 milhões), nos postos com carteira assinada e massa salarial. O bom resultado elevou a confiança do consumidor pelo segundo mês consecutivo. No entanto, a indústria piorou pela sétima vez no ano, o mesmo refletido na construção civil, com preocupações sobre demanda insuficiente, custo do crédito e escassez de mão-de-obra. Os principais desafios para o setor são o custo do crédito e do orçamento familiar. O endividamento da população (48,91%) e a inadimplência (78,8 milhões de indivíduos) seguem em níveis elevados, limitando o consumo. Além disso, com a taxa Selic mantida em 15% e expectativas de inflação acima da meta, o mercado imobiliário, principal indutor do consumo de cimento, sente os efeitos.
Em linha com as projeções do setor, a indústria brasileira do cimento mantém a expectativa de crescimento entre 2,0% e 3,0% para 2025. Essa perspectiva está alinhada em duas frentes principais: a força do MCMV, que deve gerar uma demanda adicional de 2,5 a 3 milhões de toneladas de cimento por ano, e os investimentos contínuos em infraestrutura, com destaque para habitação e a forte expansão do pavimento de concreto rodoviário e urbano.
Roadmap da descarbonização
A indústria brasileira do cimento apresentará seu novo Roadmap Net Zero 2050 durante a COP30, em Belém. A iniciativa, selecionada entre os mais de 1.250 projetos inscritos, detalha a rota para a neutralidade de carbono, baseando-se em um histórico de liderança do setor em sustentabilidade: O Brasil já emite 580 kg de CO2/t de cimento, abaixo da média global (610 kg/t); O Brasil é um dos dois países com maiores adições de matéria-prima alternativas ao clínquer (componente principal do cimento) do mundo; 32% da matriz energética do setor vêm de combustíveis alternativos (biomassas e resíduos), índice inferior apenas à União Europeia e atingir a neutralidade de carbono até 2050, por meio de instrumentos de remoções e compensações, como Soluções baseadas na Natureza (SbN). "A indústria brasileira do cimento tem uma longa trajetória de atuação em responsabilidade ambiental, social e econômica. Pouco depois de implementarmos o Roadmap de mitigação do setor em 2019, renovamos nosso compromisso com a descarbonização, lançando nossa proposta de neutralização de emissões até 2050. O novo Roadmap tem como base todo o ciclo de vida da cadeia do cimento apoiado no desenvolvimento de combustíveis e matérias-primas alternativas, eficiência energética, captura, estocagem e uso de carbono, além de Soluções baseadas na Natureza (SbN). Todo esse mapa do caminho incorpora fortemente tecnologia e inovação, com ativa participação da academia, agências de fomento e os diversos integrantes da cadeia da construção”, disse Paulo Camillo Penna, Presidente do SNIC.
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