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Integratio celebra 20 anos discutindo os desafios da Licença Social

Integratio celebra 20 anos discutindo os desafios da Licença Social

Trajetória da empresa é marcada por histórias de diálogo, resiliência e inovação.

Para marcar o aniversário de seus 20 anos, a Integratio reuniu em Belo Horizonte, no último dia 16 de outubro, clientes, parceiros e colaboradores para celebrarem essa conquista, numa tarde repleta de relatos e informações. Conduzindo a cerimônia, a Líder de Projetos Keyty Andrade lembrou que há 20 anos a Integratio nascia com o propósito de “construir relações sólidas entre empresas, territórios e comunidades, desenvolvendo soluções estratégicas para desafios complexos, sempre com responsabilidade, escuta ativa e visão de longo prazo. Nosso trabalho está onde o desenvolvimento exige diálogo e inteligência e onde decisões precisam considerar impactos sociais, ambientais e institucionais. Não se deve confundir aparência com essência e dado com realidade”.

O primeiro painel contou com a presença de Olinta Cardoso, Carolina Maciel e Thereza Balbi para debater o tema: “Qual a base para se conhecer um território?”. Olinta considera o uso de cinco lentes para revelar o território de forma clara: a primeira é o cotidiano, a segunda é a ancoragem – que traça uma linha de base para melhor entender a realidade, a terceira é a rota logística, a quarta é o poder e a governança e a quinta lente é a memória, cultura e identidades.

Caroline Maciel disse que a base para conhecer um território é muito diferente de conectar. Um território deve ser considerado a partir de dados demográficos, de saúde, de educação, de economia que, somados dão a dimensão do todo – “trabalhar com o diálogo exige muita humildade, porque a gente nunca viu o suficiente. Para maior efetividade, os dados devem ser cruzados com a narrativa das pessoas. Com base no conhecimento do território das pessoas que ali atuam é que podemos definir a melhor comunicação e a melhor forma de relacionamento com as pessoas”.

Olhando pelo lado das mineradoras, Thereza Balbi disse que o projeto técnico pode ser exatamente o mesmo, mas é preciso ter em mente que o território é dinâmico, singular e único – “é preciso dar legitimidade para aquele lugar, para aquelas pessoas e para suas histórias. Temos que criar relações de parceria e não de poder para garantir que a legitimidade social seja alcançada”.

Na sequência, Aislan Greca apresentou a palestra: “Soluções Socioambientais que o futuro exige: Inteligência Social e a Lógica de Dados para a LSO”. O especialista destacou que o setor mineral vive um momento de transformação profunda, no qual a responsabilidade social corporativa deixou de ser uma escolha estratégica para se tornar um vetor essencial de desenvolvimento. Segundo ele, o sucesso das empresas já não se mede apenas pela extração ou eficiência operacional, mas pela capacidade de gerar valor e confiança para a sociedade – “a licença social para operar é o nosso ativo mais valioso — e também o mais frágil. Sem ela, projetos são paralisados e o futuro se torna incerto”.

O palestrante chamou a atenção para um desafio recorrente: a gestão baseada em intuição, sem o devido suporte analítico. Ele comparou a prática a uma atuação “bombeira”, reativa e fragmentada, que compromete a tomada de decisões.
A proposta é adotar uma gestão social analítica, com base em dados, similar aos processos operacionais do setor. Essa mudança de paradigma, segundo Greca, permite responder e antecipar problemas de forma estruturada. Ele explicou que o pensamento analítico é uma competência que se constrói, e pode ser orientada por um ciclo de inteligência — um processo contínuo de coleta, processamento, retroalimentação e reanálise de dados. A ausência desse ciclo, alertou, faz com que erros se repitam, perpetuando um círculo vicioso, em vez de um círculo virtuoso de aprendizado.

Para Greca, a inteligência artificial (IA) representa uma “lente de aumento” para a gestão social, ao permitir a análise de grandes volumes de dados e a identificação de padrões e correlações que antes eram invisíveis. “A IA nos permite enxergar relações e atores que humanamente seriam impossíveis de detectar”, observou.

A tecnologia, explicou, facilita a triangulação de informações, eliminando a subjetividade de relatórios e substituindo-a por evidências concretas extraídas de múltiplas fontes — como entrevistas, notícias e bases de dados públicas.
Com isso, as empresas podem construir um “GPS estratégico”, que mapeia ações, calcula probabilidades de sucesso e fundamenta decisões em modelos probabilísticos, e não meramente empíricos.

Outro ponto destacado foi o avanço da monitorização em tempo real. Com o apoio da IA, dados provenientes de redes sociais, imprensa, diários oficiais e outras fontes públicas podem ser processados continuamente, gerando relatórios automatizados e atualizados. Essas ferramentas permitem que gestores acompanhem o andamento dos projetos de forma instantânea, sem o tradicional atraso entre a coleta e a análise das informações.

A quantificação da confiança também surgiu como uma métrica possível. Segundo Greca, com a parametrização adequada, é possível transformar dados subjetivos — como percepção social — em indicadores mensuráveis, contribuindo para a avaliação de desempenho e impacto das ações socioambientais.

Greca destacou que o setor mineral vive agora uma nova fase: a integração de agentes inteligentes nos processos de gestão social. Esses sistemas, explicou, funcionam como assistentes digitais das equipes de campo, automatizando tarefas administrativas e permitindo que os profissionais se concentrem nas atividades estratégicas de relacionamento e desenvolvimento comunitário.

Essa integração, ressaltou, traz valor, eficiência e rastreabilidade aos projetos, possibilitando a mensuração clara dos retornos sociais e econômicos de cada iniciativa – “a tecnologia, quando aliada à gestão inteligente, fortalece o ativo mais importante das empresas: a confiança”, concluiu Greca.

Fechando as apresentações, o segundo painel reuniu Christiane Pimentel, Eduarda Nascimento, Laila Aragão e Patrícia Figueiredo, que abordaram o tema: Relatórios de Sustentabilidade – construindo confiança com transparência”.

As discussões reforçaram que os relatórios de sustentabilidade deixaram de ser meros documentos técnicos para se tornarem instrumentos estratégicos de diálogo com a sociedade. O relatório é a forma como a empresa se enxerga e se comunica com o mundo e o processo de elaboração é também uma reflexão sobre a coerência entre discurso e prática.

Um dos principais desafios apontados pelas participantes é a organização e integração dos dados. Embora as tecnologias estejam cada vez mais disponíveis, os dados ainda se encontram dispersos, exigindo esforço coletivo entre diferentes áreas. “É uma dor compartilhada. Temos muita tecnologia, mas pouca estruturação”, afirmou Patrícia Figueiredo.

Além disso, o painel ressaltou que a produção de um relatório não deve ser encarada como um evento pontual, mas como um processo contínuo, que começa no início do exercício e envolve todas as áreas da companhia. Essa rotina reforça a governança e a transparência — pilares essenciais para conquistar e manter a confiança dos stakeholders.

Outro ponto central foi o desafio da linguagem. As empresas buscam equilibrar o rigor técnico exigido pelos padrões internacionais com uma comunicação mais clara e acessível para públicos diversos, como comunidades e colaboradores.

“Relatório não é checklist de indicadores. É um diálogo com quem lê”, sintetizou Laila Aragão. As empresas vêm apostando em formatos mais visuais e interativos — desde o uso de fotografias de colaboradores e comunidades até versões em formatos educativos, como histórias em quadrinhos ou materiais digitais simplificados.

A discussão também abordou a evolução dos padrões globais de relato, com destaque para o avanço das normas IFRS S1 e S2, que unificam a materialidade financeira e de impacto — uma abordagem conhecida como dupla materialidade. A convergência entre as normas do IFRS e do GRI foi vista como um passo importante para uma visão mais holística da sustentabilidade corporativa, integrando riscos, impactos e geração de valor.

Foi ressaltado que a governança é o elo que sustenta essa transformação, permitindo que o relato seja mais do que uma obrigação regulatória — tornando-se um reflexo do compromisso da empresa com a ética, a transparência e o desenvolvimento sustentável.

As painelistas também destacaram que transparência não significa exposição, mas sim coerência. Assumir desafios, reconhecer vulnerabilidades e demonstrar evolução ao longo do tempo são atitudes que fortalecem a credibilidade das organizações. “Ninguém quer perfeição; quer coerência entre o que se diz e o que se faz. Confiança é uma soma de tempo e coerência”, resumiu Christiane Pimentel.

O debate concluiu que os relatórios devem ser vistos como pontes entre a empresa e a sociedade, expressando não apenas resultados, mas também propósitos e legados. Mais do que atender a exigências regulatórias, os relatos de sustentabilidade são ferramentas de engajamento e transformação social — capazes de aproximar comunidades, colaboradores e investidores em torno de uma narrativa comum.

O diálogo como base de tudo

Em um setor marcado por transformações profundas e desafios crescentes, a Integratio Medição Social e Sustentabilidade chega aos 20 anos reafirmando a mesma essência que a guiou desde sua fundação: o diálogo como base de tudo. Criada em 2005 por Rolf Georg Fuchs, a consultoria nasceu para preencher uma lacuna em um campo ainda incipiente no Brasil — o da comunicação e relacionamento no setor de mineração e energia. Duas décadas depois, a empresa é referência nacional e internacional em mediação social, inovação e ética corporativa.

“Desde o início acreditávamos que era possível fazer diferente, com verdade e respeito. Hoje, olhando para trás, vemos que essa escolha fez toda a diferença”, afirma Fuchs, presidente da empresa. Sob sua liderança, a Integratio participou de alguns dos projetos mais complexos do País — como Sossego, Onça Puma, Largo Vanádio e o emblemático Minas-Rio, em que a consultoria foi responsável por toda a gestão social e fundiária, audiências públicas e relacionamento com comunidades.

O segundo grande nome dessa trajetória é Carlos Venicius Natividade, que se juntou à empresa cinco anos após sua fundação e conduziu a expansão para novas áreas, como óleo e gás, além de liderar a recuperação financeira da companhia em tempos difíceis.

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