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Mulheres crescem na mineração, mas ainda há pouca participação de negras e pardas

Mulheres crescem na mineração, mas ainda há pouca participação de negras e pardas

O documento relata que houve aumento de 3% na participação feminina em posições executivas, chegando a 25% do mercado, e de 17% em cadeiras em conselhos administrativos, somando 28% do setor.

A Women in Mining Brasil (WIM Brasil), em parceria com a EY, divulgou a 5ª edição do Relatório de Indicadores que mostra a presença e o avanço das mulheres na mineração. O documento relata que houve aumento de 3% na participação feminina em posições executivas, chegando a 25% do mercado, e de 17% em cadeiras em conselhos administrativos, somando 28% do setor. As contratações de mulheres representaram 41% do total de admissões e as promoções também registraram avanço em cargos de gestão e base, especialmente no setor de mineração, que superou os percentuais gerais.

O relatório lançado nesta terça-feira, 2 de dezembro, em evento realizado na Amadoria, em Belo Horizonte, incluiu uma mesa redonda com a participação de representantes da WIM Brasil, Anglo Gold Ashanti, Hochschild Brasil, AtkinsReális e Mineração Taboca. Apesar dos índices positivos, a participação de mulheres em programas de desenvolvimento de lideranças caiu de 31% (2024) para 18% (2025), interrompendo três anos de crescimento. Menos de um terço das promoções foram para mulheres, e apenas 30% das empresas informaram que monitoram promoções por raça/cor. Onde há monitoramento, a participação de mulheres pardas (17,9%) e pretas (6,1%) na sucessão de lideranças é drasticamente sub-representada, em comparação com mulheres brancas (57,5%). Cerca de 79% das empresas não monitoram sucessão com recorte de gênero e raça.

Na frente de segurança e ética, o cenário apontou retrocesso na formalização dos mecanismos de denúncia e acolhimento, sendo que apenas 84% das empresas declararam possuir um canal confidencial e formalizado para endereçar temas de discriminação e assédio, o menor percentual registrado desde 2021. Em 2025, foram registradas 122 denúncias de assédio sexual, das quais 76 foram procedentes (62%), evidenciando a consistência das ocorrências. Paralelamente, houve uma queda acentuada de 71% nas denúncias recebidas e de 88% nas denúncias procedentes pelos Canais de Ética em geral. “Essa redução significativa nos reportes, em contraste com a relevância e a alta taxa de procedência dos casos de assédio sexual, sugere uma preocupante subnotificação, onde situações menos graves deixam de ser registradas e questiona-se a confiança dos empregados no sistema”, afirma Luciana Félix, diretora de DEI da WIM Brasil.

O relatório mostrou que a participação feminina na força de trabalho geral ficou estagnada em 22%. Outros dados indicam avanços significativos, como as iniciativas de formação educacional de meninas e mulheres, que saltaram de 17 para 31 empresas e no campo STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), 21% das empresas declararam que possuem programas específicos de desenvolvimento para mulheres, um aumento de 7 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Em contrapartida, o relatório de 2025 aponta para retrocessos importantes que exigem atenção, como a queda na formalização de programas de DEI, passando de 97% em 2023 para 88% em entre todas as empresas respondentes. No setor de mineração, essa queda foi de 90% para 87%. O percentual de empresas com comitês de DEI formalizados caiu para apenas 30%. Já a ausência de estruturas de governança atingiu 60%, o maior patamar dos últimos cinco anos.

A supervisão e autoridade sobre os programas de DEI perderam força nas lideranças tradicionais, caindo para 84%, o menor índice da série histórica e apenas 56% das empresas monitoram salários com recorte de gênero e 18% das empresas não realizam qualquer monitoramento formal. Só uma mineradora apontou a equidade de gênero como foco central de seus investimentos sociais. “O monitoramento contínuo é fundamental, mas o relatório de 2025 nos traz um senso de urgência ainda maior. Vemos progressos importantes na presença feminina em cargos de alta liderança, o que reflete o amadurecimento do setor. No entanto, os retrocessos em áreas críticas como governança, capacitação e sucessão feminina nos mostram que o progresso não é linear. Precisamos transformar a intenção em ação estrutural e sustentável, garantindo que a DEI seja um valor intrínseco, e não apenas uma agenda reativa que impulsiona a equidade e interseccionalidade em diferentes dimensões do setor”, afirma Patrícia Procópio, diretora presidente da WIM Brasil.

O 5º Relatório de Indicadores WIM Brasil foi construído a partir de uma pesquisa realizada com 57 empresas signatárias do setor mineral (mineradoras e fornecedores), representando um crescimento expressivo de 256% desde 2021 (de 16 empresas em 2021 para 57 em 2025) e de +14% apenas no último ano (2024-2025). A coleta de dados foi conduzida ao longo de 2025, com o objetivo de avaliar a maturidade das políticas de DEI, a representatividade feminina e interseccional (gênero, raça/etnia, PcDs, gerações, LGBTQIA+ e parentalidade), as práticas de equidade salarial e a implementação de iniciativas sociais. O questionário foi atualizado em parceria com a EY, incluindo novas perguntas sobre sucessão racial, pessoas com deficiência (PcDs) mulheres e o envelhecimento da força de trabalho, preservando as séries históricas para indicadores-chave desde 2021. O perfil dos respondentes, em sua maioria em cargos de liderança, garante uma visão estratégica e qualificada dos dados, cujas análises consideram informações declaradas voluntariamente, consolidação quantitativa pelas equipes WIM Brasil e EY, revisão interna de consistência e comparação com edições anteriores. O relatório na íntegra pode ser conferido no www.wimbrasil.org/relatorios/.

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