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COP 30

O Brasil tem a chance de liderar a transição energética pela execução

O Brasil tem a chance de liderar a transição energética pela execução

O planeta espera do Brasil projetos concretos, entregas reais e liderança técnica na construção de uma economia mais limpa e sustentável.

Na COP30, que coloca o Brasil no centro das discussões globais sobre clima e transição energética, vejo o país diante de uma oportunidade que vai muito além dos compromissos diplomáticos: a de provar que sabemos executar o que o mundo ainda discute. Mais do que palavras, o planeta espera do Brasil projetos concretos, entregas reais e liderança técnica na construção de uma economia mais limpa e sustentável.

A mineração brasileira tem papel central nesse desafio. A transição energética depende do acesso responsável a minérios como lítio, cobre, níquel e terras raras, insumos vitais para baterias, turbinas e tecnologias de baixo carbono. Temos esses recursos, uma matriz energética predominantemente renovável e um ecossistema industrial em expansão. Mas o que ainda nos separa do protagonismo não é o potencial: é a capacidade de transformar intenção em entrega.

Falo com a convicção de quem viveu de perto os dilemas e as transformações dessa indústria. Passei boa parte da minha trajetória profissional em ambientes industriais, da siderurgia ao papel e celulose, e mais de doze anos dedicados à mineração. Convivi com os impactos e aprendi com os desafios que marcaram profundamente o setor, especialmente os desastres de Fundão e Brumadinho.

Esses episódios deixaram marcas dolorosas, mas também um legado de aprendizado coletivo: a compreensão de que engenharia, governança e responsabilidade social precisam caminhar juntas. Aprendi, na prática, que sustentabilidade não é um conceito a ser alcançado, e sim um método de decisão, uma forma de pensar, planejar e agir em todas as etapas de um projeto.

Projetos sustentáveis não nascem de decretos, mas da combinação entre rigor técnico, visão sistêmica e coragem de inovar. Ser sustentável é, antes de tudo, um exercício de competência em gestão. Exige rastreabilidade de ponta, digitalização de processos, uso inteligente de dados, mitigação de riscos e integração entre as dimensões econômica, ambiental e social. É isso que permite transformar setores intensivos em recursos, como a mineração, a siderurgia, o papel e celulose, a química e o óleo e gás, em verdadeiros vetores de desenvolvimento sustentável.

Acredito que a sustentabilidade precisa ser tratada como parte do desempenho das organizações. O resultado econômico e financeiro de uma empresa está intrinsecamente ligado ao seu resultado ambiental e social. Reconhecer os impactos, reduzi-los com tecnologia e gestão, e maximizar os benefícios coletivos que cada atividade gera. Esse é o caminho para um novo modelo de desenvolvimento industrial, mais responsável e mais competitivo.

O Brasil tem tudo o que é necessário para liderar essa agenda: recursos naturais, capital humano, energia limpa e uma base industrial em transformação. Falta dar o passo que nos diferencia: executar com excelência. Ser referência global em transição energética não depende apenas de vontade política ou discursos inspiradores, mas de projetos bem-feitos, conduzidos por profissionais preparados, instituições sólidas e uma engenharia que honra sua vocação transformadora.

A COP30 será um marco de compromissos. Mas o verdadeiro legado do Brasil dependerá de quem for capaz de transformar compromissos em entregas. E acredito que o nosso país, com sua inteligência, criatividade e capacidade de execução, pode e deve liderar não apenas o discurso da transição energética, mas a engenharia que a torna possível.

Por Antonio Toledo – CEO na Timenow

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