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BRASMIN/9º. ENCONTRO

O desafio da verticalização para o desenvolvimento da mineração

Por evando
O desafio da verticalização para o desenvolvimento da mineração

Na parte da tarde ocorreu o painel ‘Política Industrial – Integração de Cadeias Produtivas para desenvolvimento da Mineração’, com o Palestrante Renato Ciminelli (Mercado Mineral), moderação de Eduardo Cavalcanti (Brasil Minérios) e presença de Mateus Curado (Terra Goyana Mineradora), Jorge Boeira (ABDI) e Margarete Gandini (MDCI).

Renato Ciminelli (Mercado Mineral) afirmou que o painel visou debater como romper os entraves vigentes para as mineradoras de minerais críticos poderem explorar todas as oportunidades durante a cadeia de valor em diversos segmentos no mercado interno e externo, além de realizar parcerias estratégicas e operacionais. “Eu coloco que algumas palavras-chave serão de uso mais frequente como integração de cadeias produtivas, supply chains (suprimentos), IA, mineração, minerais críticos, descarbonização, upstream, midstream e downstream. Os minerais críticos são um case bastante atual e a integração de supply chains são estratégicas para esse setor, enquanto a IA otimiza gestão e projetos de suprimentos, principalmente de sistemas mais complexos”.

A Supply Chain, detalhou Ciminelli, refere-se ao conjunto de atividades interligadas envolvidas na produção e entrega de um produto ou serviço, desde a obtenção da matéria-prima até a entrega ao cliente final. Ela envolve processos como aquisição, produção, armazenamento, transporte e distribuição. “Outro ponto é que trabalhamos com cadeia de valor e cadeia de suprimentos, que são coisas distintas, sendo que a de suprimentos é concentrada no fluxo físico de bens e serviços da origem até o consumidor final, enquanto a cadeia de valor analisa todas as atividades que agregam valor ao produto, da concepção à entrega, incluindo atividades de suporte como marketing e P&D. A constelação sugere uma cadeia de suprimentos interligadas e possuem ordenamento mais tridimensional. A mineração já usa essas constelações como âncoras para a evolução do setor e agregação de valor”.

Ele citou que no caso da vermiculita em Goiás, a empresa Brasil Minérios utiliza o mineral na construção civil, siderurgia, nutrição animal e agricultura e já e um material com funções energéticas, enquanto o grafite e o lítio multifuncional têm melhores resultados técnicos, operacional e de mercado. Disse que a abordagem será para aqueles produtores mais próximos da cadeia de mercado, “que de certo muda faz trabalhar melhor no supply chain. Precisamos criar institutos próprios de P&D para promover aplicações de vermiculita e fazer os investimentos de cada centro de inovação de cada segmento”.

Segundo Ciminelli, os principais desafios dos minerais críticos em todos os trechos da cadeia estão voltados para a cultura de commodities e concentrados, empresas que dominam a cadeia de refino e aprimoramento microestrutural, integração com a cadeias de materiais e funções finais, inteligência de mercado – nacional e internacional – e investimento e tempo para atingir perfil e características exigidas para as empresas que vão entrar ao longo de toda essa cadeia produtiva para os minerais críticos. “Será que o Brasil consegue acompanhar a demanda por minerais críticos? O País tem 22 minerais críticos e precisa ter uma nova abordagem com outros elos da cadeia produtiva”.

Sobre joint ventures, aquisições e fusões de Supply Chain, segundo ele, é necessário atrair elos relevantes de cada um deles e o desenvolvimento de IA pode ajudar no gerenciamento de constelações. Em 2025, uma política pública desenvolvida é o projeto Magbras do SENAI, com apoio da Finep, para criar uma cadeia completa para a produção de ímãs permanentes de neodímio–ferro-boro desde o beneficiamento mineral até a reciclagem, com aplicações em energias renováveis, carros elétricos e setor de eletrônicos. O programa integra o Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e deve receber R$ 73,3 milhões para consolidar a cadeia produtiva. Em março, ocorreu a Conferência Internacional de Cadeias de Valor e Minerais Estratégicos para a Transição Energética e Descarbonização. Uma outra iniciativa do BNDES, de R$ 5 bilhões, visa fomentar a cadeia de valor de minerais críticos e, por último, a mobilização para a polarização de todos os parâmetros de competitividade polarizados para cadeias produtivas. “Nós não vemos o setor empresarial se posicionando nesse desafio de explorar melhor as cadeias de valor e de suprimentos”.

Logo depois, Mateus Curado (Terra Goyana Mineradora) comentou sobre o projeto de bauxita em Barro Alto e o tempo de maturação do empreendimento, com o início da lavra em 2014, informando que 70% do volume produzido pela CBA tem origem em Barro Alto. “Pensando nessa lógica de outras aplicações, nós entramos nas áreas industriais para corretivos usados na produção de ferro-gusa e clínquer e produtos moídos para tratamento de água. Tem uma gama de aplicações para agregar valor ao minério. “Uma bauxita bruta não chega viável a nenhum porto do mundo, enquanto materiais agregados têm uma maior receptividade pelo mercado internacional”. A evolução da matéria-prima bruta ou do concentrado, segundo ele, tem que descobrir onde está o mercado consumidor para liberar volumes até quatro vezes maiores. Curado continuou dizendo que o desafio da cadeia de verticalização são os juros elevados, o prazo de crédito e o tempo de um projeto. “Também focamos no desenvolvimento do consumo de todos os recursos minerais, com o aproveitamento de toda a cadeia”, disse.

Na sequência, Jorge Boeira (ABDI) mostrou-se sempre preocupado com o pós-mineração, sabendo que o setor é o primeiro estágio de transformação da natureza para retirada de minerais que vão ser úteis em diversos produtos para a sociedade. A mineração está longe dos produtos de consumo, mas muitos desconhecem a presença de minerais em um veículo elétricos. “Do ponto de vista apenas de bens minerais, se não tivermos estratégias para produzir tecnologias limpas do futuro e manufaturas verdes, seremos apenas centros de custos para os outros países”.

Boeira comentou que a grande questão ao combate das mudanças climáticas é associada ao uso de combustíveis fosseis, e a transição energética requer a utilização de energias limpas que dependem de minerais estratégicos. Temos que mudar a conscientização da sociedade global para atingirmos as metas de 2030. “Ou nos capacitamos para debater uma transformação mais elevada da capacidade brasileira ou seremos eternos exportadores de commodities”, afirmou.

Margarete Gandini (MDCI) falou da atual política industrial do Governo Federal (Nova Indústria Brasil) focada em seis missões: desenvolvimento e acesso a máquinas e equipamentos agrícolas e fertilizantes, desenvolvimento do complexo da saúde, infraestrutura e mobilidade sustentáveis, descarbonização e transição energética, transformação digital e soberania e defesa nacional. “Todos têm elementos comuns como IA e desenvolvimento digital. Temos que pensar novos modelos e processos de produção e em novos materiais”. Ela informou que o MiBi é uma rede colaborativa formada por profissionais do setor privado que debatem temas da indústria brasileira. Chegamos aos materiais estratégicos onde os gargalos são os ímãs de terras raras e as ligas especiais que reduzam o peso e gerem maior eficiência dos veículos”.

Margarete diz que os materiais estratégicos visam produzir do mineral ao produto e a política industrial busca soluções para esses desafios. “O grande desafio é pensar como fazer a construção das cadeias produtivas do mineral ao equipamento, mas ela vai passar por alguns elementos para mapear os materiais necessários, fomento à P,D&I, como nós podemos usar de modo diverso? Fazendo mais do mesmo nós não vamos construir e temos que pensar em formas diferentes de desenvolvimento. Como a mineração se integra nessa cadeia para atender demandas industriais existentes”, finalizou.

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