
A Fundação Amazônia de Amparo à Estudos e Pesquisas (Fapespa) está apoiando um projeto desenvolvido por professoras da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) para suprir a carência de mapeamento geológico detalhado na Amazônia Sul-Oriental. Intitulada "Conhecimento Geológico para Preservação do Patrimônio Natural e Combate à Mineração Ilegal", a pesquisa busca aprofundar o conhecimento sobre os recursos minerais da região, além de contribuir para a preservação ambiental e o enfrentamento da exploração clandestina.
O estudo é coordenado pelas professoras doutoras Gilmara Feio e Cristiane Teixeira, da Faculdade de Geologia da Unifesspa, e é focado nas áreas de transição entre as províncias geológicas de Carajás e Maroni-Itacaiúnas, que englobam os municípios de Marabá, Itupiranga e Parauapebas, no sudeste do Pará. "A Amazônia, especialmente no Pará, é extremamente rica em recursos minerais, mas também está entre as regiões mais ameaçadas pela mineração ilegal. O mapeamento geológico nos permitirá identificar áreas sensíveis, promover a exploração legal e sustentável e, ao mesmo tempo, evitar a degradação ambiental", afirma a coordenadora Gilmara Feio.
Com a elaboração de mapas geológicos e relatórios técnicos, o projeto quer disponibilizar dados estratégicos a órgãos como o Serviço Geológico do Brasil e a Agência Nacional de Mineração (ANM), que hoje em dia enfrentam limitações devido à escassez de informações precisas sobre o subsolo da região. O Pará lidera o ranking nacional de arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Em 2021, segundo a ANM, o estado arrecadou R$ 3,1 bilhões, sendo 85,77% desse valor oriundo do minério de ferro. A mineração representa 26,3% do PIB estadual, mas a ausência de estudos geológicos detalhados compromete o planejamento estratégico e a segurança mineral.
Financiado pela Fapespa, o projeto realiza um diagnóstico técnico e visa ainda capacitar profissionais da área, por meio de cursos e atividades de formação em parceria com instituições como a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Instituto Tecnológico Vale (ITV), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade de São Paulo (USP). A pesquisa está alinhada às diretrizes do Plano de Mineração do Estado do Pará 2014–2030 e busca fomentar uma mineração mais segura, legal e sustentável. Os resultados serão utilizados por órgãos públicos para ampliar o banco de dados geológico da região e contribuir com o planejamento territorial.
A pesquisa integra a chamada pública "Fortalecimento de Grupos de Pesquisa Liderados por Mulheres no Pará", promovida pela Fapespa em parceria com a Secretaria de Estado das Mulheres (Semu). "Ao apoiar projetos como este, o Governo do Pará reforça seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, a inclusão de mulheres na ciência e o fortalecimento da bioeconomia. A presença feminina em áreas estratégicas como as Geociências precisa ser valorizada, e é isso que temos feito com resultados concretos", comenta o diretor-presidente da Fundação, Marcel Botelho. Para a pesquisadora Gilmara Feio, o projeto também representa uma conquista simbólica. “Ainda hoje, as Geociências são marcadas por uma predominância masculina. Ao abrir espaço para a liderança feminina na pesquisa geológica, especialmente em uma região onde a mineração é tão relevante, estamos também promovendo igualdade, diversidade e inovação”, conclui.
Carregando recomendações...