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BRASMIN/9º. ENCONTRO

Quais são os caminhos para captar investimentos em projetos minerais?

Por evando
Quais são os caminhos para captar investimentos em projetos minerais?

O Financiamento à Mineração – alternativas e soluções financeiras para pequena e média mineração’ foi o tema do quinto painel do 9º. Encontro Nacional da Média e Pequena Mineração, que contou com Luis Maurício Azevedo (ABPM), como palestrante, Miguel Cedraz Nery (ABPM/ Invest Mining), que atuou como moderador, e Pedro Mesquita (BNDES), Oswaldo Dalla Torre (Tozzini Freire) e Giorgio de Tomi (NAP.Mineração/USP) como debatedores.

Miguel Nery (ABPM/ Invest Mining) iniciou dizendo que o financiamento para pequenas e médias empresas é um tema crítico e o InvestMining trabalha para melhorar o ambiente de negócio no País para que sejam criadas condições a fim de que as empresas obtenham financiamentos nas fases de pesquisa e lavra. “Trabalhamos no ambiente regulatório, banco de projetos e já realizamos eventos que contribuíram para o setor, apesar de mostrarmos preocupação com algumas normas, como a do Direito Mineral por Garantia”. A expectativa, segundo ee, é que se consiga melhorar todos os aspectos regulatórios para que as pequenas e médias empresas possam obter financiamento.

Em seguida, Luis Maurício Azevedo (ABPM) abordou estratégias de financiamentos para PMEs e Juniors, divididas em operacionais e não-operacionais (em fase de pesquisa). “O BNDES pode conceder linhas de crédito para essas empresas e alguns outros bancos que seguiram a mesma linha da instituição nacional. BNDES, BNB, BASA oferecem linhas de crédito para aquisição de máquinas e projetos de expansão, com juros e prazos competitivos, enquanto os principais bancos do Brasil (BB, CAIXA, Santander, Bradesco, Itaú) oferecem capital de giro e financiamento para investimentos. As cooperativas de crédito também têm sido presentes junto aos associados para alavancar capital de giro”.

“Em relação ao financiamento para pesquisa mineral, temos investidores individuais e tradicionais, parcerias estratégicas e parcerias de fomento para o campo da pesquisa e inovação. “Percebemos que incentivos fiscais estão disponíveis, principalmente na parte do ouro e em projetos-pilotos internacionais e todos os fundos querem aplicar investimentos nas regiões onde atuam.”. O financiamento de capital próprio vislumbra o desenvolvimento do projeto, enquanto as parcerias estratégicas fornecem fundos em troca de participação de projetos. Já os acordos de royalties e streaming têm surgido e, em grau muito menor, os subsídios governamentais com redução de taxa tributária, afirmou.

Para Luís Maurício, os fundos especializados são outras fontes de financiamento, assim como os royalties e streaming, sendo que o royalty é taxado duas vezes no Brasil e precisaria ter uma tributação mais favorável. O streaming é um dinheiro antecipado em troca de uma produção futura a preço fixo e permite financiar projetos, além de ser menos sensível à volatilidade de preços. “As vantagens para as Juniors são três: as estruturas pós-mineração como conhecimento sobre o fundo que está investindo e temporariedade; investidores experientes e inovação financeira. E para isso, as empresas precisam de transparência ESG, uma equipe respeitável (gente competente e comprometida) e projetos atraentes com potencial geológico claro e boa localização para atrair investidores. Hoje, existe a marca dos investidores sobre você. Existem investimentos para projetos sem mérito técnico nenhum”.

Luis Maurício Azevedo ainda comentou que a recente alta do ouro não atraiu as júniors, devido a dificuldades regulatórias, sendo que, recentemente, duas empresas no Brasil que entraram em recuperação judicial e isto afasta os investidores, que foram para outras fronteiras, como Argentina e Peru. “Isto impacta o setor como um todo e eram depósitos significativos no Brasil”. Luis Maurício também respondeu sobre os desafios para o financiamento de juniores no Brasil e no exterior. “É muito importante trazer o capital estrangeiro e desenvolvê-lo aqui e tem que procurar quem entenda de desenvolvimento de financiamento. Desenvolver projeto de mineração é pensar em um cenário global e em um ciclo de commodities e os investidores migram, mas as mineradoras não e você não pode iludir o mercado. O insucesso técnico marca a empresa e o País. Os entraves burocráticos do Brasil são empecilho para investir em um projeto que tem ciclo de vida programado, além da questão do licenciamento ambiental”.

Na sequência, Pedro Mesquita (BNDES) tratou dos mecanismos estratégicos do BNDES para financiar projetos minerais no Brasil. “Eu vou dividir em empresas juniores e operacionais que têm abordagens e riscos distintos. O BNDES lançou, em 2024, um fundo voltado para mineração e deve entrar em operação muito em breve para pesquisa mineral e desenvolvimento de mina. “O fundo será administrado por dois gestores e já atraímos mais gestores que movimentam o mercado para contribuir com financiamento para as juniores”, informou. Outro ponto é a participação no risco de exploração e aporte direto em companhias que tenham estudo de viabilidade pronto. Para as empresas operacionais, nem todas conhecem os produtos do BNDES para pequenas e médias empresas. “Elas têm que acessar o site para ter as informações disponíveis”. O BNDES conta com agentes financeiros para financiamentos até R$ 20 milhões. Para a média mineração com faturamento de até R$ 80 milhões, o BNDES tem um produto para limite de crédito para aquisição de equipamento e está aberto a discutir novas possibilidades. Mesquita comentou sobre os desafios do BNDES, que tem se preparado para dar suporte a esses projetos. “As empresas devem entender claramente que o investidor quer saber da capacidade de repagar e a remuneração que ele terá. As empresas precisam pensar nos riscos para entregar os produtos. É necessário trabalhar o mercado para enfrentar o negócio, saber a estrutura de custo, qual é a competência técnica para entregar o que propõem. O ESG é preciso ser tratado, para saber a receita que o minerador vai poder remunerar. As críticas ao setor são questão que dificultam qualquer um, mas estamos avançando passo a passo”.

Logo depois, Oswaldo Dalla Torre (Tozzini Freire) comentou sobre os instrumentos financeiros mais trabalhados no setor da mineração. “Temos quatro principais fontes de captação (privado, mercado de capitais, fundos e na atividade de pesquisa, farm-in, que aparece cada vez mais em investimentos), além do uso de alternativas como royalties e streaming para obtenção de captação tendo como fonte o mercado de capitais e fundos. Para a fase de desenvolvimento e lavra, os acordos de joint-venture e compra e venda de projeto têm dificuldade na primeira fase para levar o projeto a ter uma cubagem de recursos e reservas. Sobre as reivindicações para ajudar financiamentos de projetos para o setor mineral, Mesquita comentou as duas resoluções que tratam das garantias do setor para permitir novos títulos para alvarás de pesquisa e no âmbito do MME é uma portaria para permitir a debênture incentivada para o setor mineral. É uma medida que interessa muito ao setor financeiro. E, por último, a questão da garantia para fechamento de mina.

Giorgio de Tomi (NAP.Mineração/USP), que representou a Handbag, comentou sobre a InvestMining para revolucionar o mercado e “nós estamos perdendo capital estrangeiro para Argentina e Peru. O caminho do desenvolvimento do Brasil é pensar a mineração como um dos pilares da economia”. De Tomi disse que a Handbag tenta ocupar um espaço nessa rede de investidores e ela tenta ajudar projetos embrionários e que permitem captar financiamento por meio de crowdfundind. “Estamos no início e a ideia é usar os mesmos critérios de governança, ESG, boa equipe e bons projetos para levantar dinheiro e alavancá-los”. A Handbag está com um ativo de estado para captação, a fim de explorar a reciclagem de sucata industrial com cobre para produzir catodos de cobre para o mercado. “Está aberto e tem um apelo socioambiental e estamos conseguindo captar um bom interesse do mercado. Nós localizamos projetos e ajudamos a atuar na governança”, finalizou.

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