Setor mineral perde o engenheiro Francisco Fonseca, um defensor da Ecologia

O setor mineral perdeu no dia 4 de julho, aos 88 anos, o engenheiro de minas e membro do Conselho Consultivo de Brasil Mineral Francisco Franco de Assis Fonseca. Formado em Engenharia de Minas pela UFMG, ele desenvolveu praticamente toda a sua carreira profissional na então CVRD, onde ingressou em 1967, após trabalhar na Icomi e na Mannesmann.
Na CVRD, ainda no início de sua carreira, ele atuou no Deteg, centro de pesquisa que a empresa mantinha em Santa Luzia (MG), tendo participado, como engenheiro-júnior, do projeto de pesquisa visando a concentração do itabirito, minério de ferro de mais baixo teor (até então a Vale só concentrava a hematita). O sucesso dessa pesquisa mudou o panorama da mineração de ferro em Minas Gerais, já que a maior parte das reservas remanescentes são de itabirito.
Em seguida, ele participou da elaboração dos primeiros estudos de engenharia visando ao aproveitamento das jazidas de minério de ferro de Carajás, quando a então CVRD ainda estava associada à US Steel na Amazônia Mineração.
Depois disso ele atuou no projeto da mina de fosfato que a CVRD implantou em Araxá e posteriormente atuou na pesquisa geológica de bauxita, na Amazônia.
Quando houve a descoberta do ouro de Serra Pelada, Francisco Fonseca já estava na Docegeo, empresa de pesquisa mineral criada pela CVRD. A Docegeo ficou encarregada, como agente da Caixa Econômica Federal, de comprar e fundir todo o ouro retirado pelos garimpeiros em Serra Pelada, que então era controlada pelo SNI, entregando o metal para o Banco Central do Brasil..
Ele ficou na Docegeo – onde chegou a presidente – até meados dos anos 1980 e posteriormente assumiu a recém-criada Superintendência de Meio Ambiente, onde se sentiu muito à vontade, pois sempre foi muito interessado no tema ecologia, tendo sido um pioneiro na discussão de questões ambientais e dos destinos da Humanidade desde a década de 1970, quando foram divulgadas as advertências do Clube de Roma de que o mundo estaria caminhando para um colapso. Quando houve uma reestruturação na Vale que culminou com o fim de várias superintendências, incluindo a de Meio Ambiente, foi dado a Francisco Fonseca o cargo de assessor da presidência.
No início dos anos 1990 veio o governo Collor e foi determinado que a CVRD deveria reduzir 5% do seu quadro de pessoal. E logo depois, com a determinação de se reduzir ainda mais o quadro, foi iniciado um processo de demissão voluntária. Então Francisco Fonseca decidiu se aposentar e continuou prestando trabalhos de consultoria por mais alguns anos até que resolveu parar definitivamente de trabalhar, passando a dedicar-se à escrita, colocando no papel suas ideias sobre Ecologia e os destinos da Humanidade. Brasil Mineral, através da Signus Editora, foi responsável pela publicação do livro de sua autoria, “Mundo em Crise – Economia, Ecologia e Energia”.
(Por Francisco Alves. Fonte: depoimento ao Museu da Pessoa)
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