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DESEMPENHO

Setor mineral prevê queda nas receitas por dois anos

Por evando
Setor mineral prevê queda nas receitas por dois anos

Segundo relatório 21º Global Mine, da PwC, o setor mineral prevê queda em suas receitas por dois anos consecutivos. O desempenho do setor é fruto de uma combinação de questões cíclicas e estruturais que desafiam as empresas do setor a investir em crescimento e transformação, mesmo com receitas e margens de lucro sob pressão. O estudo avaliou as 40 maiores mineradoras do mundo, incluindo o Brasil. “A grande razão deste decréscimo está na queda das margens de lucro. E a tendência em 2024 é seguir as mesmas tendências”, avalia Patricia Seoane, sócia da PwC Brasil e líder para a indústria de mineração.

O relatório da PwC indica que, em 2023, as 40 maiores mineradoras do mundo tiveram US$ 845 bilhões em receita, 7% inferior na comparação com o ano anterior, US$ 217 bilhões em EBITDA, queda de 26% em relação ao ano anterior, e US$ 90 bilhões de lucro líquido, 44% abaixo do que o percebido um ano antes. Já em 2024, as estimativas indicam receita de US$ 792 bilhões, 6% inferior à de 2023, EBITDA de US$ 171 bilhões, 21% menor que a do ano passado, e lucro líquido de US$ 55 bilhões, registrando queda de 36% em relação a 2023. No ranking do Global Mine 2024, as cinco maiores mineradoras são, nesta ordem: BHP Group LTD (Austrália), Rio Tinto Group (Austrália e Reino Unido), China Shenhua Energy Company Limited (China), Glencore plc (Suíça), e Vale S.A. (Brasil). A brasileira CSN Mineração S.A, que entrou no ranking em 2023, está na 34ª posição. O top 5 deste ano não diverge do registrado em 2023, quando a ordem foi: BHP Group LTD (Austrália), Rio Tinto Group (Austrália e Reino Unido), Glencore plc (Suíça), Vale S.A. (Brasil), e China Shenhua Energy Company Limited (China).

O setor mineral tem como principais desafios – além da diminuição das receitas, o aumento das pressões regulatórias, econômicas e sociais. As mineradoras estão tendo que reinventar seus modelos de negócios para criar valor de novas formas e, ao mesmo tempo, atuar de modo mais eficaz como elementos importantes de ecossistemas emergentes. O relatório Global Mine, da PwC, mostra atenção especial sobre como a indústria está se preparando para esta transformação. “As empresas estão se reequipando e reinventando para ser uma peça fundamental do crescimento e isso significa pôr em destaque o papel que a mineração desempenha em outras áreas como por exemplo no potencial e nos desafios da indústria complementar da mineração urbana (ou seja, a reciclagem) e na forma como o mundo se alimenta. Significa, ainda, aproveitar a tecnologia, incluindo o uso da inteligência artificial, para avançar em termos de produtividade, sustentabilidade e segurança de produção”. Em meio ao contexto de mudanças da indústria, as fusões e aquisições continuam a ser uma estratégia crucial para mineradoras que desejam criar impacto. Embora, as fusões tenham caído em 2023, seu valor aumentou, assim como o foco em minerais críticos. Mas as transações de hoje — e de amanhã — não se relacionam simplesmente com ganho de escala. Elas estão centradas em como obter capacidades e ativos que permitam às empresas colaborar com parceiros em ecossistemas industriais mais amplos.

A mineração fornece minerais e metais de diversas maneiras para sistemas de IA, chips semicondutores são feitos de silício e contêm metais como cobre, ouro, estanho, níquel, paládio e prata. Os dispositivos de armazenamento dependem de metais como platina, paládio e ouro por suas propriedades magnéticas e condutoras. As instalações de data centers utilizam grandes quantidades de metal em sua construção. A demanda por IA está contribuindo para aumentar a necessidade desses metais. Ao mesmo tempo, integrar a IA à mineração urbana permitirá que a indústria obtenha maior eficiência, melhores taxas de recuperação de material, custos reduzidos e menor impacto ambiental. “No nosso estudo, pudemos identificar que a IA pode ser usada de várias formas pela indústria de mineração, entre elas em tecnologias avançadas de classificação, na otimização da cadeia logística e no controle de qualidade de materiais reciclados”, complementa, Patricia Seoane.

Por extrair materiais que são base para insumos agrícolas, a mineração tem um papel importante na produção de alimentos. Dados do Fórum Econômico Mundial indicam que para garantir um futuro com uma população bem alimentada no mundo, a produção agrícola necessita de um crescimento de 55% nas próximas duas décadas. Neste contexto, o fornecimento de matérias-primas necessárias para uma ampla gama de insumos e produtos consumíveis exigidos na agricultura, faz da mineração um agente importante neste processo. Neste contexto, o Relatório Global Mine destaca seis principais contribuições dos minerais e metais para a melhoria da segurança alimentar : 1. Fertilizantes - O fósforo e o potássio são minerais essenciais para a produção de fertilizantes; 2. Tratamento de água - O gesso e o ácido sulfúrico estão entre os produtos químicos utilizados no manejo da irrigação para evitar que a alcalinidade e a sodicidade da água afetem a saúde do solo, 3. Melhorias no solo - A cal (de carbonato de cálcio) é usada para ajustar os níveis de pH do solo, melhorando a disponibilidade de nutrientes e a estrutura do solo. A cal contém cálcio e frequentemente magnésio, nutrientes essenciais para as plantas , 4. Suplementos de micronutrientes - Zinco, boro, manganês, ferro, cobre e molibdênio, que são essenciais para a saúde das plantas, são frequentemente aplicados em pulverizações foliares ou como corretivos do solo, 5. Pesticidas e herbicidas - Muitos pesticidas e herbicidas contêm minerais como ingredientes ativos ou como transportadores. Fungicidas e herbicidas à base de cobre, por exemplo, têm sais metálicos e 6. Suplementos alimentares para animais - Cálcio, fósforo, magnésio e oligoelementos, vitais para a saúde animal, são adicionados à ração.

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