O Encarregado de Negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, reuniu-se na quarta-feira (23) com a direção do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) para discutir cooperação bilateral no setor de minerais críticos. O encontro, solicitado pelo diplomata norte-americano, ocorre uma semana após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por parte do governo Trump.
Durante a reunião na sede do IBRAM em Brasília, Escobar dialogou com o diretor-presidente Raul Jungmann e o vice-presidente Fernando Azevedo sobre possíveis acordos envolvendo minerais estratégicos. O diplomata demonstrou interesse específico na Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos em desenvolvimento pelo governo brasileiro, além de iniciativas parlamentares relacionadas ao tema.
Esta marca a terceira interação entre autoridades brasileiras e norte-americanas sobre minerais críticos em 2025, indicando crescente atenção dos Estados Unidos ao setor mineral brasileiro. Escobar avaliou que uma missão comercial de mineradoras brasileiras aos Estados Unidos seria mais efetiva em setembro ou outubro, considerando o período de férias norte-americano em agosto.
O contexto internacional revela a dependência dos Estados Unidos da China no fornecimento de minerais críticos. Dados da Agência Internacional de Energia mostram que a China detém mais de 80% da capacidade global de produção de células de bateria e concentra mais da metade do processamento mundial de lítio e cobalto. Esse domínio se estende ao mercado brasileiro, onde aproximadamente 70% das exportações do setor mineral se destinam ao mercado chinês.
O Brasil possui cerca de 10% das reservas globais de minerais críticos, incluindo a maior reserva mundial de nióbio, e a segunda maior de grafite e de terras raras. O país também dispõe de reservas significativas de lítio, cobre, níquel e cobalto, elementos fundamentais para a produção de baterias, semicondutores e tecnologias de transição energética.
A direção do IBRAM informou que a pauta do encontro será encaminhada ao setor para deliberações, esclarecendo que as decisões sobre exploração mineral competem ao governo brasileiro, uma vez que a Constituição estabelece que os recursos minerais são bens da União. Esta posição institucional reflete os procedimentos padrão para questões que envolvem recursos estratégicos nacionais.
O movimento norte-americano insere-se numa estratégia mais ampla de diversificação de fornecedores de minerais críticos, buscando reduzir a dependência de fornecedores únicos. A corrida global por estes materiais intensificou-se com a aceleração da digitalização da economia e dos processos de transição energética mundial.
Autoridades brasileiras ouvidas pela imprensa especializada avaliam que o setor mineral pode receber tratamento diferenciado no contexto das tarifas recém-anunciadas, embora não haja confirmação oficial dessa possibilidade. A análise reflete a importância estratégica destes materiais para as economias desenvolvidas.
A reunião ocorre em momento de redefinição das cadeias globais de suprimento de minerais críticos, com diversos países buscando estabelecer parcerias que garantam acesso a estes insumos estratégicos. O Brasil, como detentor de reservas significativas, tem recebido crescente atenção de diferentes mercados internacionais interessados em diversificar suas fontes de suprimento.
A resposta do setor privado brasileiro às sinalizações norte-americanas dependerá das deliberações internas e das diretrizes governamentais sobre a política nacional para minerais estratégicos. O desdobramento dessas conversas poderá influenciar os fluxos comerciais do setor nos próximos anos, considerando a crescente demanda global por estes materiais.
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