VALE quer voltar ao topo na produção mundial de minério de ferro

É o que afirma o presidente da empresa, Gustavo Pimenta.
Para seu principal executivo, o presidente Gustavo Pimenta, o futuro da Vale está moldado em três parâmetros muito simples. O primeiro é o portfólio, ou seja, o que empresa quer vender e em que negócio pretende estar. O segundo é o relacionamento com os clientes. E o terceiro é o crescimento em cobre.
No que diz respeito ao portfólio, ele diz que a Vale quer estar exposta àquelas commodities que são favoráveis ou beneficiadas por todo o processo de transição energética pelo qual o mundo está passando, a começar com o minério de ferro. “Muito se fala de redução de demanda do minério de ferro, mas seguimos muito construtivos em relação à demanda no longo prazo”, diz ele, justificando seu raciocínio com o fato de que há previsão de crescimento populacional de 2 bilhões de pessoas, requerendo avanços na transição energética, eletrificação e urbanização. “São elementos que vão gerar demanda para o minério de ferro e, portanto, entendemos que esses ciclos vão seguir construtivos para a indústria de mineração de ferro. Vamos seguir bastante comprometidos, principalmente nos minérios de mais alto teor, que são fundamentais para o processo de descarbonização e de transição energética”, enfatiza.
Ele informa que a Vale, no ano passado, produziu 328 milhões de toneladas de minério de ferro e tem uma expectativa de chegar a 360 milhões de toneladas em 2025. E que as pretensões da Vale vão no sentido de retomar a posição de maior mineradora de ferro do mundo e para isso tem um patrimônio minerário que ninguém possui, por manter, dentro de suas operações, um enorme potencial de desenvolver projetos de baixa intensidade de capital, com minérios de alto teor.
Quanto ao relacionamento com o cliente, ele defende que a indústria de mineração vai se “descomoditizar” com o tempo e a Vale terá que ser capaz de prover soluções que sejam orientadas às demandas específicas de cada cliente. “E aqui a Vale tem uma vantagem competitiva. Falo, sem medo de errar, que nós somos a companhia mais sofisticada do ponto de vista de minério de ferro do mundo. Temos 20 pontos de blendagem espalhados pelo mundo, podemos ter produtos de alto, médio e baixo teores e esta é uma vantagem competitiva num mundo em transformação, onde toda essa agenda de soluções para clientes vão ser testadas e serão importantes”.
No que se refere ao crescimento em cobre, Pimenta afirma que se trata de um metal com enorme potencial de crescimento e tem havido vários movimentos estratégicos dentro da indústria. “A eletrificação do mundo passa por prover cobre. É um enorme desafio da indústria trazer esses projetos para a operação. Eles estão levando mais tempo, estão sendo mais custosos, porque o teor e a qualidade desse minério vêm se deteriorando. Este é um mercado restrito do ponto de vista de oferta e que tem uma demanda, não diria infinita, mas muito grande, porque é a base de tudo. A eletrificação do mundo vai passar pelo cobre”.
Ele acrescenta que hoje a Vale está produzindo 350 mil toneladas de cobre e tem planos de chegar a 700 mil toneladas, até 2030. E informa que no início de 2025 a empresa lançou o programa Novo Carajás, quando anunciou investimentos de até R$ 70 bilhões na região de Carajás, onde a Vale considera que existe um potencial de desenvolvimento “espetacular”, principalmente em cobre. “Conhecemos Carajás por minério de ferro -- e tem bastante minério de ferro ali – mas temos um potencial muito grande de crescer em cobre. Temos uma unidade de negócios hoje, que é Vale Base Metals, dedicada a isso e estamos muito felizes com o resultado das explorações. Temos colocado mais recursos nessa iniciativa e estamos otimistas com o crescimento”, afirma.
Transformação cultural
Segundo Pimenta, a Vale passou por um grande processo de transformação cultural ao longo dos últimos 5 ou 6 anos. “Após a tragédia de Brumadinho, olhamos para dentro e passamos por um grande redesenho de processos, de cultura, de modelos organizacionais. Estamos nos transformando. É um processo contínuo, ainda temos uma jornada para seguir, mas hoje a companhia vive um momento muito positivo. Talvez estejamos no nosso melhor momento do ponto de vista de estabilidade operacional. Este ano, por exemplo, tivemos o melhor desempenho de segurança da nossa história e isto é resultado do trabalho que a equipe vem fazendo ao longo desses anos”. Ele acrescenta que, nesse processo de transformação, há uma enorme oportunidade de incorporar outros atributos, citando como exemplo a inovação e a digitalização.
O executivo lembra que, depois de Brumadinho, a Vale assumiu o compromisso de acabar com as suas barragens a montante e desde então está nessa jornada. “É um enorme desafio, com mais de R$ 20 bilhões alocados, mas é um compromisso da companhia e nossa prioridade número um para podermos realmente mudar esse processo”.
Ele informa que no início desse ciclo a empresa tinha 30 estruturas a serem descaracterizadas e até outubro de 2025 um total de 18 estruturas já tinham sido descaracterizadas. Embora a Vale tenha até 2035 para descaracterizar todas as estruturas, a expectativa é chegar a 2026 com 70% do programa concluído.
Outro ponto destacado por Pimenta são as mudanças nos processos produtivos. “Nossas operações de Carajás são naturalmente a seco, pela qualidade do minério. No sul e sudeste, fazemos o processo de concentração com utilização de água, portanto necessitamos de barragens para dispor os rejeitos. Mas depois de Brumadinho decidimos que vamos acabar com esse modelo produtivo, reduzir a nossa dependência de barragens e vamos passar para o processo de empilhamento a seco, muito mais seguro, passando por uma etapa de filtragem. A operação ficou mais cara, mas esse é o novo modelo que queremos operar”, afirma, acrescentando que, hoje, 85% da produção da Vale não dependente de utilização de barragens de rejeito.
Leia a matéria completa na edição 453 da Brasil Mineral
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