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Moody’s prevê queda nos preços gerais, independente dos EUA

Por evando
Moody’s prevê queda nos preços gerais, independente dos EUA

A agência de classificação de riscos Moody’s lançou relatório em que reduz premissas de preço e faixas de sensibilidade a preços para diversas commodities, metais e de mineração, reflexo da menor confiança do consumidor e da atividade industrial, que reduz o crescimento da demanda por metais industriais em um ambiente macroeconômico em piora para 2025/2026. A inflação permanece persistente em muitos países, e as empresas estão adiando investimentos que estimulariam a demanda pelas commodities utilizadas em aplicações industriais. Além do aço americano, que recebe um impulso com as novas tarifas, o ouro e a prata são as únicas commodities neste setor com fundamentos positivos, graças à sua atratividade como ativos de refúgio — especialmente para o ouro.

“Desde a publicação de nossas estimativas anteriores de preços de metais e mineração em março de 2025, alteramos nossa perspectiva para o setor para negativa. Também reduzimos drasticamente nossas previsões de crescimento macroeconômico para 2025/26, com as tensões comerciais generalizadas decorrentes das tarifas e contratarifas dos Estados Unidos pesando sobre os negócios globais e o sentimento do consumidor. Embora as restrições de oferta impeçam a deterioração significativa dos preços, uma desaceleração geral da atividade industrial sugere que os preços ainda cairão para a maioria dos metais e commodities de mineração pelo menos no próximo ano”.

Segundo o levantamento da Moody’s, uma desaceleração na China terá implicações severas para a demanda por essas commodities, com as tensões comerciais pesando sobre o sentimento empresarial e do consumidor. “Embora esperemos que o governo estimule a economia para atingir sua meta de crescimento de 5%, isso pode não ser o suficiente para compensar o impacto das tarifas americanas. E o crescimento econômico mais fraco em mercados que, de outra forma, absorveriam as exportações da China limitará o quanto ela pode redirecioná-las. Embora nossas premissas de preços reflitam nossa expectativa de preços médios para os próximos 12 meses, nossas faixas de sensibilidade representam nossas aproximações básicas para avaliar o risco de crédito para empresas do setor”.

A Moody’s explica que o relatório analisa o desempenho das empresas de forma a garantir a consistência entre as classificadas neste setor. “Reduzimos nossas premissas e sensibilidades de preço para a maioria dos metais básicos — em função de uma retração geral na construção, manufatura e diversos outros setores. Embora a demanda por esforços de transição energética e data centers preserve os fundamentos de longo prazo do cobre, com déficits em 2026 em meio a problemas persistentes de fornecimento e um declínio estrutural nos teores do minério, a demanda de curto prazo por cobre enfraquecerá em meio à desaceleração industrial em curso”.

O declínio da atividade industrial e as tensões comerciais também prenunciam preços mais baixos para o alumínio, e um excedente na produção de níquel ocorre em um momento de desaceleração da demanda, com os preços do níquel já atingindo a curva de custo. A agência alterou as premissas de preço para esses três metais. Embora a Moody’s tenha mantido inalterada para o zinco, a demanda por zinco é ainda mais fraca do que para cobre e alumínio, mas o crescimento moderado da oferta limitará os excedentes de zinco. Tensões comerciais, incerteza macroeconômica e o risco de fluxos comerciais desviados nos levaram a reduzir nossa premissa de preço do aço para a China e nossas faixas de sensibilidade para China, Brasil e Europa. Aumentamos nossas premissas de preços do aço e faixas de sensibilidade para os Estados Unidos porque os produtores locais se beneficiarão do restabelecimento das tarifas de 25% da Seção 232 e da remoção de todas as exclusões e cotas, com preços mais altos em 2026 para a maioria dos produtos siderúrgicos.

As tarifas reativadas da Seção 232 se somam à tarifa básica de 10% dos EUA sobre todos os produtos importados. Na China, o excesso de oferta, a fraca demanda interna, a queda nos custos das matérias-primas e a incerteza econômica restringirão os preços do aço. Mesmo com a produção anual em declínio em meio a cortes de produção direcionados à melhoria do desempenho da indústria, a demanda permanecerá contida em meio à lenta recuperação do mercado imobiliário e à redução da demanda por exportações, à medida que as tensões comerciais aumentam. Os preços do aço no Brasil e na Europa enfrentarão dificuldades com a concorrência de importações deslocadas pelas tarifas americanas, com o excesso de oferta na China e o risco prolongado de excesso de oferta em outros lugares, além do crescimento global mais fraco.

A atividade manufatureira contida e a fraqueza nos principais setores consumidores de aço, incluindo o imobiliário e o automotivo, reduzirão a demanda global por minério de ferro e carvão metalúrgico (metálico), assim como a produção dessas commodities se recupera dos contratempos no início de 2025. A desaceleração do crescimento econômico reduzirá a demanda por eletricidade em geral, reduzindo, em última análise, a demanda por carvão térmico. Algumas interrupções no fornecimento elevaram os preços do carvão metalúrgico em relação às mínimas recentes, mas não há catalisadores óbvios para manter esse impulso. Os preços permanecerão robustos para metais preciosos, em particular o ouro, que os investidores veem como uma proteção contra o crescente protecionismo, as barreiras comerciais e a inflação persistente. Os bancos centrais da China, Rússia e Índia, entre outros países, estão aumentando suas reservas de ouro, enquanto os investidores buscam prata e, especialmente, ouro na forma de fundos negociados em bolsa (ETFs). Mas nossas premissas de preços mais baixos e faixas de sensibilidade para platina e paládio refletem as perspectivas de curto prazo mais sombrias da indústria automotiva global.

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